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Motorizadas de competição: Como se preparavam? | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
No início dos anos 70 as motorizadas de competição derivavam quase sempre de veículos de série, continuando assim o que também acontecera nos anos 60, salvo raras excepções. Assim e no caso presente a Macal não foi excepção.
Macal M70 versão de estrada.
Motor Sachs de 5 velocidades.
Forqueta de origem.
A primeira motorizada de competição da marca foi uma Clipper com motor Zundapp de 3 velocidades e fez unicamente uma prova de velocidade num circuito urbano em Águeda. Com o advento do Motocross, Issac Caetano, "transformou" uma Macal M70 Sport com motor Sachs de 5 velocidades em máquina de Motocross. Após alguns ensaios com resultados aceitáveis, foi contratado o Campeão Nacional de Motocross da Classe de Iníciados que corria em Flandria Record transformada para Motocross. Dava pelo nome de José Torres Sousa e viria a tornar-se num dos melhores pilotos nacionais. José Torres de Sousa estreou a Macal M70 de Cross na prova de Leça do Balio, obtendo um excelente 2º lugar. De salientar que esta prova foi a primeira disputada pelo piloto na categoria de Consagrados e que a mesma foi vencida pelo ultra-competitivo Abílio Fernando, correndo este com uma SIS-Sachs V5 transformada para Motocross. Estas máquinas de Motocross da altura, para além de terem o quadro reforçado com um duplo berço, as mais sofisticadas ainda possuiam um escape a passar por cima , um filtro de ar mais estanque ( que nem sempre funcionava!), guarda- lamas da frente apoiado no tê da forqueta, guiador "alto" e roda da frente de 19.
Macal M70 preparada para Motocross.
Escape a passar por cima.
Forqueta para competições de Motocross, guarda-lamas colocado no tê da forqueta e quadro reforçado.
Macal M70 com motor Sachs 50.5 S.
Vista de traseira.
As restantes máquinas eram motorizadas normais com guarda- lamas mais reduzidos, sem iluminação, pneus normais, guiador "alto" e pouco mais. Um dos problemas que se enfrentavam nas corridas da altura eram os pneus, ou neste caso da falta deles.. Nesta altura não se fabricavam pneus de "tacos" em Portugal, dificultando muito a condução dos pilotos em corrida. A companhia nacional de pneus tinha um pneu com rasto semelhante aos pneus de cross, só que muito menos eficiente.... Outro dos problemas acontecia com as forquetas. No início as forquetas eram derivadas das dos respectivos modelos de estrada, fazendo com que em cada prova( treinos livres, cronometrados e corridas) se gastassem no minimo 4 destas peças. Posteriormente começaram a ser usadas forquetas da marca Ceriani que equipavam as Puch 125cc de estrada. Com esta medida obteve-se excelentes resultados já que as forquetas Ceriani eram do melhor que se fazia na altura. Quanto à preparação dos motores, para além do escape "especial" ( geralmente o do motor Sachs de 5 velocidades que tinha já um contra cone, sendo este cortado na zona do inicio do tubo onde se alojava o silenciador e "torpedo", sendo muito bem soldado e usando uma ponteira ligeiramente mais comprida). O cilindro era preparado ( rebaixado em 2mm no seu topo superior, levando um calço em baixo de 2mm, janelas de escape, admissão e transferências rebaixadas 2mm no seu limite inferior) e claro está, um carburador Dell''Orto (UB 19 inicialmente e posteriormente UB 22) que eram retirados das Flandria Record. Para as provas de velocidade era usado o mesmo sistema. A máquina era derivada de estrada, com diferença no guiador, selim, pousa pés, escape, rodas 18 ( das Minor ) com pneus o mais estreitos possivel. As mais sofisticadas possuiam ainda forquetas e amortecedores mais baixos. O carburador usado era o Dell' Orto UB 19/22 com cuba tombada, alojada dentro das aletas do cilindro/culaça.
Macal M70 preparada para corridas de velocidade.
Forqueta mais baixa e guiador de avanços.
Quadro aligeirado, sem malas laterais e sem farois para diminuir o peso.
Motor Sachs extremamente preparado .
Isto eram de grosso modo as máquinas de competição que se usavam na altura. A SIS-Sachs chegou a ter no seu catálogo de veículos dois modelos de competição. Esta marca disponibilizava assim uma versão de Motocross da V5 e outra versão de velocidade. De referir que nesta època quase todos os fabricantes nacionais tinham equipas oficiais de motocross e velocidade. Nos finais da década de 70 os fabricantes nacionais tinham apostado forte no Campeonato Nacional de Motocross, na classe de 50cc. As mais bem sucedidas seriam a Macal, a SIS-Sachs e a Casal. Mais tarde ganhariam protagonismo a EFS com as réplicas das Kreidler Van-Veen de Motocross, a Sirla e as artesanais Stamir). Nesta àpoca o unico fabricante que utilizou a competição para desenvolver modelos de estrada foi a Macal. Este fabricante desenvolveu um quadro da "escola Italiana" que testou durante um campeonato Nacional de Motocross. Na categoria de consagrados correu José Torres de Sousa, acabando mesmo por vencer o campeonato. Na categoria de iniciados correu João Gouveia. Da experiência retirada das corridas acabaria por nascer o modelo de estrada GTX. O quadro deste modelo acabaria por perdurar até ao final de vida da Macal através do modelo M83 equipado com motor Minarelli AM6 H2O- A. Também usaram este quadro os modelos Trial, Sport Especial, M80, TR, TT, P4R e M86. Nestes modelos de estrada os quadros estavam preparados para levar motores Sachs, Casal, Zundapp e Minarelli. Os modelos P4R e M86 só podiam ser equipados com motores Minarelli. A base para os pilotos privados da època fazerem as suas máquinas de cross era a seguinte: -Quadro GTX; -Cubos Macal( eram uma réplica dos cubos que equipavam as KTM de motocross da època. Mais tarde equipariam com cubos Nagesti e Grimeca); -Aros em alumínio da marca Akront ( inicialmente "19/17" e posteriormente "21/18"; -Depósito GTX (inicialmente em chapa de aço e posteriormente do tipo Simonini em fibra de vidro; -Selim artesanal; -Escape artesanal; -Guarda- Lamas mais ligeiros ( primeiro em chapa de aço, depois em fibra de vidro e muito depois em plástico; -Forquetas das marcas Ceriani, Marzocchi, Betor e as nacionais Tabor , que apesar de terem um optimo aspecto tinham um desempenho menor do que se esperava.; Amortecedores das marcas Ceriani, Marzocchi, Koni, Girling e os nacionais Tabor; Punhos/ Alavancas de embraiagem e travão das marcas Magura, Lusitana e ainda Tomaselli; Motores das marcas Sachs (maioritariamente), Zundapp e Casal com níveis de preparação excepcionais para a època. Foi por esta altura que apareceram os primeiros magnetos Motoplat de rotor interno
Planos para preparação de motores para competição. (Escape ainda não disponível). (Clique nas imagens para aumentar)
. Macal Cross Junior.
Primeira motorizada de competição do piloto Ernesto Caetano.
Motor Zundapp de 4 velocidades, cilindro do motor Zundapp de 5 velocidades tipo "pinha" maquinado para parecer Casal (assim como a cabeça do cilindro).
Exemplar único.
Macal Cross competição.
Pormenor do escape.
Vista de frente.
Vista de traseira
Macal Prototipo.
Pormenor do escape.
Vista de frente.
Vista de traseira.
Macal GTX com motor Minarelli
Vista de frente.
Vista de traseira.
Macal GTX com motor Minarelli
Pormenor do escape
Vista de frente.
Vista de traseira.
Macal Cross competição I
Macal Cross Competição II
Vista de frente.
Vista de traseira.
Macal Enduro Competição primeiro modelo.
Vista de frente
Vista de traseira.
Macal CR 125
Macal CR 125 com motor Casal M232 de 125cc
Vista frontal.
Vista traseira.
Quadro GTX.
Motorizada artesanal com quadro Macal GTX e motor Zundapp.
Foram graças a estas máquinas artesanais que viveram os Campeonatos Nacionais de Motocross desta época. Era muito difícil importar máquinas de competição completas. Os acessórios de competição especiais vinham todos do estrangeiro e entravam pela "porta do cavalo", velhos tempos!
2ª prova MX Gica - Almas da Areosa. nº 10- Leonel de Sousa em Flandria Record, transformada em Motocross. nº11- Abilio Fernando em SIS-Sachs V5 nº1- SIS-Sachs Minor primeiro modelo com rodas mais altas e motor Sachs de 4 velocidades com turbina de ar !!!!
Equipa oficial GICA ( Ginásio Clube de Águeda) (Da esquerda para a direita e de cima para baixo) - Manuel Massadas ( KTM); "Basil"-(Miguel Batista Silva) ; Dr. Ademar Raimundo; Leonel de Sousa; Amaro Martins ( KTM 50 e foi campeão com KTM 125); João Gouveia (Macal, C.N. 50cc. iniciados); "Stamir"- António Soares Miranda (Macal); José Torres Sousa ( C.N. 50cc com Macal com o nº 48)
Muito mais tarde alguns fabricantes nacionais e alguns armazenistas começaram a importar estes acessórios regularmente. . Para além destes pilotos/ construtores começaram a aparecer fabricantes artesanais mais evoluídos e preparadores nacionais como por exemplo: -STAMIR (Stand Miranda de António Soares Miranda); -Bernardino Torres; -Almerindo( de Algueirão); -Eugénio Cação; -José Joaquim Carvalho; (Sei que há muitos mais, peço a todos que me ajudem a completar esta secção. Pais, filhos ou conhecidos de preparadores artesanais!) Alguns preparadores nacionais chegaram a aplicar motores Sachs extremamente preparados em montagens da Honda Elsinor CR 125cc, fazendo uma mota extremamente eficaz. É claro que estas transformações que nos dias de hoje são consideradas actos criminosos, mas na altura foi uma medida encontrada para se produzir uma máquina de competição eficaz! Um desses preparadores foi o sr. Almerindo que colocou excelentes máquinas nas mãos de pilotos como Bernardo Ferrão ou Jorge Leite, entre outros. Nos dias de hoje é bastante dificil encontrar em Portugal uma Honda Elsinor CR125cc em estado original devido a estas preparações para competição...
ARC de 50cc. Quadro derivado da Honda Elsinor 125cc e motor Sachs de 50cc extremamente preparado.
Ciclomotor artesanal preparado para provas de Motocross.
Esta època de fabricantes artesanais ainda coabitou nas corridas com as novas máquinas estrangeiras que entravam "pela porta do cavalo". Foram elas as Simonini; A.I.M; TGM; Puch Frigério, entre outras. A Macal por esta altura colocou à venda para pilotos privados uma 50cc muito parecida com as Husqvarnas 125cc/250cc que na altura eram vendidas por esta firma. Este modelo (Cross Competição) era equipado com motores Sachs de 5 e 6 velocidades, Casal de 5 e 6 velocidades e ainda Zundapp de 5 velocidades. Vários pilotos iniciados começaram com este modelo a sua carreira de Motocross, como por exemplo José Agostinho. Com o advento da classe de 80cc no motocross( finais da década de 80 e início da década de 90) os únicos fabricantes nacionais que participaram em provas do Campeonato Nacional de Motocross foram a Casal, a Macal e a Anfesa, lutando renhidamente com as super rápidas e ligeiras Suzuki RM80. Nesta època a Macal evoluiu o modelo Cross Competição e fez a Enduro Competição, com motores Sachs e Minarelli. Foi neste modelo que esta marca montou os célebres motores Minarelli P6 Corsa Corta RG ( o denominado Anti- Sachs AGS/ BGS e onde vários pilotos iniciaram as suas carreiras no Enduro, tais como Jorge Silva. Existiram 6 máquinas de fábrica com especificações de Motocross, dotadas de motor Minarelli P6 Corsa Corta Cross. Estas máquinas serviram para iniciação de vários pilotos, como por exemplo Rui Lemos. A Metalurgia Casal fabricou também algumas máquinas de Motocross com 50cc com o seu motor de 6 velocidades na versão HUVO, onde José Sucena conseguiu alcançar várias vitórias. Na velocidade durante este período os fabricantes nacionais mais envolvidos foram a Famel, a SIS-Sachs e a casal, tanto a nível oficial como semi-oficial. A Macal teve presenças esporádicas e ainda ganhou uma prova no Autodromo do Estoril. A mota nascida das mãos de Manuel Massadas ainda conseguiu dar alguma réplica às excepcionais Casal Huvo. Nesta altura correram igualmente muitos construtores/preparadores artesanais. Mais tarde a EFS decidiu voltar às corridas de velocidade quando começou a equipar motores Kreidler nos seus veículos de estrada. Esta marca decidiu realizar uma parceria com a equipa nacional Racing Vicente/ Lusito e colocou no Campeonato Nacional de Velocidade réplicas nacionais das Kreidler Van Veen. A Classe de 80cc foi dominada pela Metalurgia Casal que graças às suas fantásticas Casal Huvo dominaram o panorama do Motociclismo de velocidade nacional...
Velhos tempos.....
Agradeço a todos os que tenham informações sobre a competição nacional que as enviem p.f. para motorizadas50@gmail.com |