Mourisotan Guri. Brinquedo para gente grande.

Os testes realizados pelo site www.motorizadas50.com são efectuados com veículos usados, restaurados ou não, pelo que as conclusões retiradas destes trabalhos poderão não ser iguais aos dos testes realizados pelas publicações da especialidade, publicações essas que testavam veículos novos.

Visto nestes testes serem utilizados veículos usados, para além dos campos normalmente abordados num teste a uma moto, nestes trabalhos, é  ainda indicado o  estado de conservação da viatura testada ( quadro, motor e restantes equipamentos).

É indicado igualmente o trajecto utilizado e a duração do mesmo.

 

 

Foi com bastante curiosidade que testei a pequena Mourisotan Guri, um ciclomotor que apesar de ter sido fabricado nos anos 70, é actualmente  uma peça rara de colecção.

 

O modelo testado foi presente a grande restauro para se poder encontrar no actual estado.

 

Modelo testado.

 

O modelo usado para este teste, apesar de se encontrar em excelente estado, foi exposto a um grande restauro pelo actual proprietário. Foi adquirido um pouco degradado pelas agruras do tempo e pela má utilização do(s) anterior(es) proprietário(s). Trazia inclusivamente o guarda-lamas traseiro cortado, tendo sido um dos quebra-cabeças que se teve de resolver para finalizar este restauro.

 

Pormenor do guiador bastante elevado.

 

Estética:

 

Não podemos dizer que se trata de um modelo bonito. Também não podemos dizer que tem uma estética vulgar ou sequer que se assemelha aos modelos nacionais mais populares e vulgares.. É diferente! E é essa diferença associada ao menor número de exemplares existentes nos dias de hoje que faz com que este modelo tenha bastante procura.

Mas este até nem é o modelo mais "radical" da Guri, existindo um com o depósito de combustível no guiador, sim é isso mesmo que está a ler, com o depósito de combustível no guiador, um must em caso de embate frontal!!!

Se na estética é diferente, nos acessórios nem por isso. O farol e o farolim,  os poisa-pés, os amortecedores e até a torneira da gasolina já são bem conhecidos de outros modelos, pertencendo à indústria nacional de componentes (SIM; Mille, Ciclo Fapril, Jamarcol, etc)

Destaque para o farolim, que devido à baixa estatura do modelo, está colocado num suporte para ficar mais elevado.

O descanso está colocado em posição lateral e apesar de ser uma peça pequena está bem dimensionada para o pouco peso do ciclomotor.

 

Na traseira destaque para o farolim preso num suporte para lhe elevar a altura

 

Em estrada.

 

 

Colocar este ciclomotor em funcionamento é tão facil como colocar a trabalhar qualquer outro projecto nacional com motor Casal. Basta abrir a simples torneira da gasolina, encher a cuba do carburador carregando bastas vezes no botão de enchimento e colocar para baixo a patilha que está no extremo do carburador alemão Bing. Depois deste processo é só carregar no Kick Starter que a máquina pega.

A posição de condução é um pouco esquisita. Para além do condutor guiar numa posição bastante baixa, devido ao pequeno diâmetro das rodas, o guiador de grandes dimensões ligeiramente inclinado dá-nos a sensação de estarmos a guiar uma moto enchada! A perna direita, motivada pelo facto de ter o escape a passar muito perto, é apoiada na parte de fora do poisa pés, não tanto pela falta de espaço mas mais por receio de uma "escaldadela".

Mas não pense o leitor que a Guri é desconfortável e desajeitada, antes pelo contrário! Apesar do menor tamanho, a pequena viagem que realizei em estrada de bom piso deixou-me surpreendido com o conforto que não pensei encontrar num modelo de dimensões reduzidas. O banco é bastante almofadado e confortável. O guiador grande e inclinado dá-nos uma boa sensação de  estabilidade.

Quanto ao prazer de condução, este pequeno ciclomotor agradou-me por 3 motivos. O primeiro devido ao facto de ser confortável se tivermos em conta a sua reduzida distância ao solo. O segundo motivo prende-se com o motor. Se colocassem neste ciclomotor um motor Casal de 2 velocidades já chegava e bastava, colocar o motor Casal M 151 de 4 velocidades é fazer deste ciclomotor um pequeno foguete de bolso, permitindo-o alcançar velocidades muito interessantes.

O terceiro motivo prende-se com o facto de quando passamos na rua ninguém ficar indiferente à nossa passagem. Muitos foram os transeuntes que acenaram e apontaram aquando da minha passagem, admirados com tão diferente veículo...

Quanto à travagem, no pequeno teste realizado não senti qualquer falha deste orgão, mas acredito que num dia mais quente ou durante um teste mais duradouro poderão haver falhas na travagem derivado à velocidade atingida pela máquina e também ao pequeno diâmetro dos tambores. Se os tambores maiores acusam fadiga facilmente num dia de muito calor ou numa viagem maior, estes pequenos dispositivos deverão sofrer o mesmo problema.

 

No pequeno teste efectuado não se notou qualquer vestígio de fadiga dos travões.

 

Motor e equipamento:

 

 

O modelo testado está equipado com motor Casal M151 de 4 velocidades, possibilitando assim prestações muito vivas, possivelmente vivas de mais pois acredito que esta motorização seja algo exagerada para o tamanho e peso da Guri. No meu entender um motor de 2 velocidades chegava e sobrava para locomover esta viatura. Por isso a denominação de" brinquedo para adultos", pois apesar de ser pequenino, este ciclomotor atinge velocidades muito interessantes...

 

Conclusão:

 

A Guri apresentou-se como um projecto diferente de quase tudo o que havia na década de 70. Se na sua classe ainda poderiamos encontrar algumas semelhanças com a Motalli Pop 50, com os outros segmentos da indústria nacional nada se assemelhava a esta pequena máquina. Na minha opinião é um modelo de colecção muito interessante...

 

O site www.motorizadas50.com agradeçe a Jaime Araújo a cedência do ciclomotor para este teste.