Nova etapa. |
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Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motociclismo de Dezembro de 2003. O texto é da responsabilidade de Marcos Leal e as fotos de Manuel Portugal. O site www.motorizadas50.com com a publicação destas reportagens pretende partilhar informações importantes sobre a única marca nacional que ainda produz motociclos. Se os autores/ responsáveis por estas reportagens acharem que este site ao publicar estes textos está a ir contra os interesses das publicações, enviem por favor um e-mail para motorizadas50@gmail.com que as mesmas serão imediatamente retiradas...
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A AJP é a única marca de motos nacional que se encontra na actualidade em actividade. É uma empresa de dimensões reduzidas, com apenas dez empregados permanentes, localizada em Lousada (temporariamente), junto a Penafiel. A PR4 400 Proto, um protótipo, é o expoente máximo da marca, uma unidade que demonstra todo o potencial criativo desta empresa. Por ela podemos ver o que é capaz de fazer e onde quer chegar a curto prazo. A iniciação de António Pinto no mundo das motos dá-se aos 22 anos, quando decide que tem de começar a trabalhar. Com trezentos contos emprestados pela mãe, abre uma oficina de motos na garagem de casa. Não sabia nada de mecânica e nunca tinha desapertado um parafuso. O futuro não parecia brilhante, nem fácil, como constatou ao abrir o primeiro motor.
As actuais instalações servem os propósitos da marca no momento. Contudo, há projectos para a construção de uma unidade fabril que responda a todas as necessidades da AJP, perante os objectivos a que se propõe.
Este ficou-lhe na memória devido ao "arraial" de peças que se espalharam pelo chão, sem que tivesse a mínima noção de onde tinham vindo. Tudo tem uma lógica, e o funcionamento dos motores também, conhecimentos que ganhou rapidamente à custa da capacidade de trabalho e tenacidade que o caracterizam. É desta tenacidade e força que a AJP é feita, e só assim chegou até à maioridade. Tem já dezoito anos de existência e mais alguns de gestação.
Cronologia: 1981- António Pinto deixa os estudos e abre uma oficina de motos. 1981 - Surge o nome AJP, e tem início o projecto da 125. 1987 - Fica concluída a 125cc, que recebe o nome de Ariana, o mesmo da filha de António Pinto, nascida nesse ano 1990 - É apresentada à imprensa a AJP Ariana 125, e inicia-se a competição no Nacional de TT, classe 2 - 125 série 1993 - António Pinto é campeão nacional de TT na classe 2, e Vice - Campeão de Enduro nos Verdes da mesma classe. 1995 - Surge o primeiro protótipo da AJP Galp 50. 1997 - A Ajp Galp 50 entra em produção. 1998 - A AJP Galp 50 sofre um Restyling, Jorge Pinto sai da sociedade e entram os primos Fernando Seabra e António Soares, dando um novo fõlego à marca. 2000 - Arranca o projecto da PR4 125. 2001 - A AJP PR4 125 entra em produção. 2002 - A marca muda-se para as novas instalações em Lousada. 2003 - Início da exportação para França, Inglaterra e Alemanha. Apresentação do projecto da PR4 400.
AJP Ariana 125 - Esta foi a primeira moto da casa, uma unidade com base num modelo de 125cc da Casal.
AJP Galp 50 - A Galp 50 teve um grande apoio da Petrogal, uma moto com 50cc, 9cv de potência e uma ciclística invejável.
AJP Galp 50 - Antes de ver terminada a sua produção, este modelo sofreu uma actualização e uma versão supermotard.
AJP PR4 125 - Este é o actual modelo de produção, 124cc, 12,4cv e 101 kg. Existem duas versões, a Trail e a Enduro.
AJP PR4 125 Supermotard - Com a mesma base das anteriores, a Supermotard têm especificações próprias nas rodas e suspensões e uma versão mais baixa, a "s"
AJP PR4 Proto 400 - É a mais recente criação cujas soluções técnicas apresentadas servirão para a futura 450.
A evolução tecnológica tem sido uma constante e ao longo dos quatro modelos produzidos muito tem mudado, como pode ser exemplificado pelos dois últimos modelos. Segundo António Pinto, a 50 foi uma moto que foi primeiro construída e só depois passada para o papel em forma de projecto. Já a PR4 seguiu um processo radicalmente oposto, tendo sido primeiro desenhada para então passar à fase de construção e aperfeiçoamento.
António Pinto é a alma da AJP, o homem cuja dedicação mantém viva a chama da única marca nacional.
Para trás ficaram os duros anos de participações em provas desportivas, que foram a melhor escola que este "senhor das motos" teve para desenvolver os seus modelos. E pode dizer-se que foi um excelente aluno, foi campeão de TT e vice - campeão de Enduro. Diz que o que aprendeu nesses três anos lhe deu a principal bagagem para se orientar no desenvolvimento das suas motos. Saber o que o utilizador necessita por ter vivido todas as dificuldades, continua a ser hoje a sua principal base de trabalho.
Nove títulos nacionais A AJP no desporto. Servindo para ganhar prestígio, e experiência a aplicar na produção, o desporto sempre esteve presente na vida da AJP.
A competição tem sido uma vertente muito presente na história da AJP, como o provam os nove títulos nacionais obtidos pelas produções da marca no Enduro e TT. A primeira participação numa prova foi em 1990, com António Pinto a fazer alinhar uma Ariana 125 na Baja de Portalegre, seguindo-se, em 1991, uma equipa de três pilotos, entre os quais estava o ex- Campeão Nacional de Velocidade Felisberto Teixeira, então em início de carreira. O ano de 1992 assinalou a primeira vitória para uma AJP, no Grândola 300 com o malogrado Alexandre Mendonça aos comandos de uma Ariana 125. No ano seguinte, António Pinto sagra-se Campeão Nacional de TT na classe 2. Sem grandes pretensões a ser piloto, o "pai" da AJP procurava principalmente interpretar o comportamento da moto de modo a evoluir o projecto, além de promover a sua marca. Essa aprendizem viria a revelar-se fundamental para a AJP Galp 50. Após mais de um ano de paragem, para ganhar fôlego financeiro, surgem as Galp 50 que passsam a dominar amplamente a sua classe, com títulos de Enduro nos verdes de 1996 a 2000, e no Nacional de TT em 1996, 1997 e 1999. No regresso às 125, 2001 foi o ano do Troféu AJP com as PR4 125. Para o futuro, quando estiver a rodar a futura "quatro e meio", o Mundial de Enduro é o objectivo a perseguir, bem como a participação no Dakar na classe destinada às 450cc.
A evolução.
O caminho percorrido pela AJP, se tivesse que ser explicado geometricamente, só poderia ser uma linha plena de curvas muito acentuadas. Inexplicavelmente as dificuldades atacaram sempre que tudo parecia estar no bom caminho. Tudo começou no ano de 1985, com a formação da empresa AJP - António Jorge Pinto. A ideia era fazer apenas motos preparadas, com base em modelos de série, como faz a AMG com a Mercedes. É assim que nasce a Ariana 125, uma moto de características bastante avançadas para a altura, mesmo tendo sido lançada bastante tempo depois de ter sido idealizada. Fizeram-se apenas 25 motos. O nome do modelo deve-se ao facto de a filha de António Pinto ter nascido na mesma altura. A História da 50cc é mais complicada. Depois de algum tempo a desenvolver o modelo, surge a hipótese de vender o projecto a uma grande empresa do meio, a Casal. A moto ficou pronta, foi apresentada a alguns dos responsáveis da Casal mas, quando o negócio parecia fechado, problemas internos levam a Casal a a anular o negócio. António Pinto tem de conseguir reunir dinheiro para produzir a sua moto. Quando consegue o mercado das "cinquenta" cai, por causa da alteração das licenças, e o seu fornecedor de motores fecha as portas. Uma vez mais a AJP dá a volta por cima. Nasce um novo modelo, a PR4, uma 125cc que é a base dos actuais modelos produzidos. Este modelo apresenta a particularidade de ser o primeiro a passar o depósito de combustível para debaixo do assento, uma forma de centralizar as massas. A PR4 400 Proto, o mais recente trabalho de casa, acaba por não passar de um esboço daquilo que será o próximo modelo. Este irá utilizar o novo motor de 450 da Suzuki, uma unidade muito mais compacta, que permite outras veleidades à veia criativa de António Pinto. Contudo as soluções técnicas são referenciais. O quadro é um primor, concebido com duas traves de alumínio fundido aparafusadas a um berço de aço, uma técnica desenvolvida pela marca. O braço oscilante é também realizado em alumínio fundido, técnica em que a AJP foi pioneira a nível mundial, quando desenvolveu a sua primeira 50cc.
Linhas do futuro:
Durante este tempo o corpo da empresa sofreu alterações, o seu irmão sai da sociedade e mais tarde os seus dois primos Fernando Seabra e António Soares, vêm dar uma ajuda. António Pinto não tem dúvidas quanto ao futuro que quer para a sua marca. O mundo do Enduro é a sua aposta certa e a competição ao mais alto nível é o objectivo primordial. Para tal a moto de 450cc é essencial e esta será desenvolvida para se bater com os maiores sem qualquer complexo. "É melhor ser fraco entre os bons, que bom estre os fracos". Essa é a política que tem norteado as suas opções comerciais, algo que confirma ao ver os mercados que escolheu para iniciar a sua aventura europeia. São referências no segmento em que a AJP trabalha: França e Alemanha, às quais se junta ainda a Inglaterra. Diz sem hesitar que uma vez tendo sucesso nestes mercados, de onde os primeiros contactos deixam excelentes perspectivas, os outros virão procurá-lo. Se tal não acontecer, temos a certeza que António Pinto se fará à estrada em busca deles.
A PR4 400 Proto é a moto que servirá de base ao nascimento do próximo modelo, a base da esperada expansão da marca, uma TT com motor de 450cc.
Em Lousada. Novas instalações: A necessidade de ter licenciamento industrial levou a AJP até às actuais instalações.
No ano passado, devido à necessidade urgente de possuir o licenciamento industrial que garantiria à AJP o almejado número internacional de construtor, de modo a iníciar a exportação, a marca de Penafiel mudou-se para um pavilhão na Zona Industrial de Lousada. Trata-se de um espaço de 1200 metros quadrados, para onde já foi comprado equipamento no valor de cerca de 300 mil contos. Além do desenvolvimento dos projectos, é aqui que se realiza a pré - montagem e montagem, bem como a produção de praticamente todos os componentes metálicos. A fundição é efectuada na Firmago, em Braga, mas os moldes e acabamentos são feitos na AJP. Aqui trabalham agora dez pessoas, para produzir cerca de 5 unidades por dia. Mas o previsto aumento de produção anual para 1000\ 1500 motos em 2004 deverá subir o "staff" para 25 pessoas.
Os motores chegam de fora, são unidades realizadas numa fábrica da Ásia sob a licença da Honda.
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