Sonho nacional. |
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Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motociclismo dos anos 90. O texto e as fotos são da responsabilidade de Paulo Ribeiro. O site www.motorizadas50.com com a publicação destas reportagens pretende partilhar informações importantes sobre marcas e modelos que infelizmente já não se produzem e que dificilmente voltarão às páginas destas publicações. Se os autores/ responsáveis por estas reportagens acharem que este site ao publicar estes textos está a ir contra os interesses das publicações, enviem por favor um e-mail para motorizadas50@gmail.com que as mesmas serão imediatamente retiradas...
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A contradizer a crise que atravessa a indústria nacional, surgem ideias que poderão contribuir para a alteração da má situação existente. Em Penafiel, surgiu aquela que poderá ser a próxima coqueluche das cinquentinhas: a AJP Galp 50.
Ainda na fase de protótipo, a AJP Galp 50 revela já um rol de atributos demonstrativos de uma qualidade até há bem pouco tempo impensável em produções nacionais. Durante largos meses, António e Jorge Pinto transportaram toda a experiência alcançada na competição, nomeadamente com o modelo Ariana 125cc, para um projecto há muito tempo acalentado. Agora resta esperar pelas negociações entre os irmãos Pinto e a Metalurgia Casal para colocar esta máquina na linha de produção. Basicamente, a AJP Galp 50, cuja concepção, desenvolvimento e fabrico estava consignado no contrato de patrocínio assinado entre a marca e a Petrogal, distingue-se das suas concorrentes pelo facto de ter sido pensada como uma moto de competição perfeitamente adaptada ao uso em estrada, ao inverso de grande número de produções estrangeiras.
A estrutura deste modelo revela-se muito simples o que não revela a qualidade dos componentes
Bonita e prática
A agressividade estética, materiais de qualidade e os refinados acabamentos deste protótipo são os pontos que ressaltam num primeiro contacto visual. Uma linha muito esguia, com o banco bem encaixado entre o guarda-lamas traseiro e a parte superior do depósito deixam antever uma grande facilidade de condução.
A experiência adquirida na competição é evidenciada pelo sistema de desencaixe rápido da roda traseira.
Descanso lateral extensível para uma maior funcionalidade.
Olhando um pouco mais de perto começamos a apercebermo-nos de pormenores como a ponteira de escape em carbono, despertando a curiosidade o vasto leque de componentes de reconhecida qualidade. Forqueta invertida, sistema progressivo de amortecimento traseiro com um monoamortecedor multi-regulável, accionado por um braço oscilante em alumínio, travões de disco com pinça de duplo pistão em ambas as rodas são alguns dos itens a merecer referência, prosseguindo a lista com dois "truques" herdados da competição: o descanso, em forma de triângulo deformável e o extractor do eixo da roda traseira. Dois pormenores interessantes. Já que "andamos" pela parte traseira da AJP Galp 50, realce para para o bem elaborado braço oscilante e (pasme-se..) para a parte posterior completamente extractível apenas com uma chave de parafusos sextavados interiores (vulgo umbrako).
O novo motor de refrigeração líquida da Casal pode apresentar mistura separada ou automática.
Se em termos de ciclística a AJP Galp 50 apresenta bom número de requintes, no capítulo de motorização não se fica atrás, recorrendo ao novo motor da Casal, semelhante ao que equipa a Magnum. Trata-se de um monocilíndrico, de refrigeração líquida, que debita 7,3 cavalos de potência, cifra que pode facilmente evoluir até aos 10 cavalos. Uma boa proposta para a competição.
Curioso o sistema de travagem dianteiro incorporado na jarra da suspensão dianteira.
Resta agora a vontade necessária para transportar esse protótipo para a linha de produção, colocando no mercado um ciclomotor nacional capaz de concorrer directamente e sem qualquer inferioridade perante as melhores produções chegadas do Japão ou Itália, até porque, segundo os estudos já realizados, a AJP Galp 50 poderia surgir com um preço extremamente competitivo, bem abaixo dos principais rivais.
Sempre a competição
Ao envolver-se no projecto da AJP Galp 50, António Pinto não conseguiu alhear-se, nem por um momento, da competição, acalentando a ideia de um troféu monomarca. Apesar de não ser novidade no panorama do todo-o-terreno nacional, esta seria uma forma bastante válida de incrementar o enduro entre os mais jovens, de forma económica. O projecto já se encontra alinhavado, pretendendo a AJP "negociar" as inscrições dos "seus" pilotos com as organizações das provas de molde a reduzir os custos, além de oferecer uma série de incentivos, visando sempre a economia. Para já a aposta da marca nortenha começará na Trafaria, com duas máquinas, continuando a sua política de apoio à imagem do que vem sucedendo nos últimos anos, agora abrangendo as classes de 125cc Série e 50cc.
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