Fábricas Metalúrgicas - A Alba

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Aspecto parcial das fábricas «Alba»

 

As fábricas metalurgicas Alba nasceram em Albergaria-a-Velha com fruto da tenacidade e dos esforços de um homem - Augusto Martins Pereira.

Sem dúvida alguma foi ele o pioneiro da indústria de fundição neste concelho onde a realizou com um extraordinário valor que se traduziu no trabalho honrado.

Com denodada coragem e só, Martins Pereira conseguiu concretizar aquela ambição que não foi produto de um sonho, mas idealizada num cérebro que a concebeu em toda a extensão.

Augusto Martins Pereira era filho de modesta família de Sever do Vouga, onde nasceu em 27 de Novembro de 1885.

Com seu pai foi colocado como ajudante de fundição nas minas de Alportel, ainda nos alvores do nascimento. Daqui, na conquista de melhores condições de trabalho e de melhores porventos, foi para Ponta Delgada donde seguiu para Boston (América do Norte).

Regressou aos Açores e montou naquela cidade uma fundição de sinos. Insatisfeito, e já com imensos conhecimentos adquiridos, alargou a sua actividade à montagem de uma fundição de ferro.

Entretanto, a guerra de 1914-1918, com o arranjo de barcos, provocou uma luta de competição entre ele e a casa Bensaúde. Com óptimos recursos financeiros, esta firma viu no Homem um artista de categoria em fundição e propôs-lhe um contrato que evidenciava uma cláusula que o inibia de poder estabelecer-se durante o prazo de 10 anos em todo o Arquipélago Açoreano. Ao aceitar, regressou a Portugal e veio a instalar-se rudimentarmente em Albergaria-a-Velha, por não possuir recursos económicos que lhe permitissem realizar a construção da própria fábrica.

 

Fundição

 

Depois de muito lutar, na vida, importou a experiência donde colheu, ao longo do anos ensinamentos que fez frutificar. Como profissional de eleição, atingiu os méritos do seu trabalho, invejado por outros que lhe propuseram contratos sofismados para lhe tolherem a senda dos seus constantes triunfos. Embora minguados do auxilio de uma finança capaz de lhe proporcionar uma independência total e merecida, o seu valor extraordinário tornou-se tão notório que conseguiu o resultado de poder contactar com a firma Lusalite o que lhe garantiu a laboração continua da sua fábrica mediante contrato de fornecimentos para amortização de capitais emprestados.

E assim com o constante progresso da indústria, o tempo encarregou-se de consumar a existência da firma independente e em seu nome - a Alba.

Hoje, a Indústria Nacional em Albergaria-a-Velha marca um lugar destacado graças à compleição dinâmica de Augusto Martins Pereira.

Por isso o governo da nação agraciou-o com a Comenda de Mérito Indústrial, premiando, assim, con justiça, o valor das suas actividades industriais. E depois com o título de Comendador

 

Serralharia - Secção de tornos

 

E como este homem, profissional de eleição, jamais se deixasse vencer pelo sadismo da riqueza, não esqueceu as crianças e os velhos. A existência marcou para ele uma coisa mais sublime que a influência do dinheiro.

Enquanto a muitos o aspecto material da vida é efervescente, é o polo donde promanam incertezas e dúvidas, ele procurou aplicar filantrópica e socialmente o seu dinheiro. Embora manietado por opiniões e mal compreendido por políticos e pela política de facções, resolveu com o produto do seu labor grandes problemas de apostolado cristão. Nesta sequência de bem-fazer, as vilas de Albergaria-a-Velha e a de Sever estão-lhe eternamente gratas.

 

 

Na primeira destaca-se a obra que fez durante o período de 13 de Agosto de 1950 a 07 de Dezembro de 1957, como Presidente da Câmara Municipal. A sua vontade e o seu dinamismo, vingaram correntes de opinião que, paralelamente a si, emergiam de invejas e desinteligências de pessoas que procuraram sempre barrar-lhe um caminho - apenas, porque, Martins Pereira, com a obra legada, além de grande e poderoso industrial, aos concelhos já referidos, tornou-se um homem socialmente útil.

Esta é a história de uma indústria, hoje entregue aos continuadores do grande homem que foi Augusto Martins Pereira.

Uma indústria de marcante interesse na vida nacional e cujo progresso caminhou a par e passo com este milagre de ressurgimento, assente apenas nas resultantes saídas de um movimento que pôs paz nas ruas, ordem nas finanças, crédito externo, respeito pela autoridade e confiança nos nossos próprios recursos.

 

Bairro das fábricas «Alba»

 

A Alba é hoje, sem dúvida, a maior alavanca de progresso destas terras de Albergaria e mal nos damos conta do vácuo social que representaria, se o sonho de um homem se não houvesse tornado realidade.

Conta nesta altura muitas centenas de operários, que beneficiam de inúmeros benefícios de carácter cultural, desportivo e social que a empresa colocou à disposição dos seus servidores.

Cinemas, parque de jogo, banda de música, centro recreativo e cultural, bairro de casas de renda pequenissima, etc,etc.. e isto tudo refere a obras do mesmo género que à Alba se devem em Albergaria.

São seus actuais administradores os Senhores: Albérico Martins Pereira e António Augusto Martins Pereira e passou meteóricamente, deixando apesar disso uma obra notabilíssima, Américo Martins Pereira, desaparecido da vida em Setembro de 1949, quando muito se esperava das suas altas qualidades de homem e de industrial.