Um passo em frente

Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motociclismo dos anos 90. O texto é da responsabilidade de Luís Mascarenhas e as fotos de Gabriel Penedo.

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A metalurgia Casal, responsável pela produção dos ciclomotores com o mesmo nome, encontra-se decidida a relançar a sua imagem. Depois da Magnum, o passo recente é dado com a estreia da Arizona,  modelo dotado de uma semi-carenagem envolvente e algumas estreias técnicas bem importantes.

 

 

A indústria nacional tem vivido desoladores momentos de recessão, registando-se um grande decréscimo de toda a produção. A crise tem afectado a totalidade de construtores, sendo, essencialmente, uma consequência da inadaptação à evolução e exigências porque se rege o mercado das duas rodas. Uma das principais críticas que têm recaído sobre as realizações "made in Portugal", prende-se com a falta de ousadia levando ao lançamento motos pouco atraentes ou a padecerem de graves lacunas funcionais. O tom crítico que assumimos não deverá ser entendido de forma destrutiva, mas antes, um apontar de falhas, algumas de simples resolução, que asfixiam as possibilidades de recuperação da tradição que as marcas nacionais detêm na realização de ciclomotores.

 

 

Ao contrário do que muito boa gente supunha, nem todos os fabricantes são insensíveis ao apontar de defeitos, tomando notas sobre os aspectos porque passa a renovação das suas intenções comerciais. Neste caso encontra-se a Metalurgia Casal, uma empresa apostada no ressurgimento de um nome com grande tradição. As suas intenções são bem claras com a apresentação de um novo modelo, dotado de características inéditas para a nossa indústria.

 

Um novo estilo

 

A apresentação da Casal Arizona é duplamente ousada, pela inovação que traz ao panorama dos fabricantes nacionais e pela estreia de uma "cinquenta" ao estilo das mais recentes "fun-bikes".

O campo estético nunca foi o grande forte dos construtores nacionais, aspecto que a Casal teve em conta ao realizar diferentes estudos estilísticos para definição do projecto final. O traço da Arizona foi concebido por um estilista que conjugou a ousadia das linhas com as condicionantes da produção em série. O recurso às amplas superfícies carenadas representa uma estreia para a Casal, até aqui apostada nos modelos mais "despidos". O embelezamento é feito através de uns decorativos autocolantes, dentro do melhor estilo das realizações nipónicas. A imagem da Arizona é jovem e agradável, levando mesmo a ser encarada como um modelo estrangeiro, uma consequência da habituação do público aos modelos tradicionais feitos em Portugal.

 

O novo motor da Casal confere uma interessante velocidade de ponta à Arizona.

 

Aproveitando alguma experiência obtida com a Magnum, o modelo de transição para a nova fase que vive a marca Casal, criou-se uma cinquenta revista nos mais importantes aspectos funcionais, se bem que existam, algumas lacunas por colmatar, aspecto que os responsáveis da marca têm consciência. Neste campo destaca-se a necessidade de utilizar três chaves para operar outras tantas fechaduras que o modelo apresenta.

Como referenciámos anteriormente, a Arizona apresenta um estilo muito próximo das actuais "fun-bikes" de 125cc. Uma posição de condução de acordo com as motos tipo trail, conjugada com uma ciclística de estrada.

 

 

Agradável de conduzir

 

Se já estávamos bem impressionados com as características da Casal Arizona, maior foi a surpresa quando constatámos a forma agradável como se processa a sua condução. O utilizador adopta uma postura confortável e bastante descontraída, podendo optar entre o arranque eléctrico ou o kick, para colocar em funcionamento o motor de 50cc. Este bloco deriva do utilizado pela Casal na Magnum, estreando na Arizona um prático sistema de auto-lube, acompanhado de algumas alterações técnicas no cilindro.

Os 7,3cv de potência são mais do que suficientes para levar este modelo a atingir uma velocidade apreciável, aspecto que nunca foi colocado em causa nos modelos da Casal.

 

O painel de instrumentos datado da informação indispensável.

 

Por baixo do assento encontra-se a bateria e depósito do auto-lube.

 

A torneira de reserva de combustível está incorporada no quadro.

 

A forquilha dianteira da Paioli apresenta algumas possibilidades de regulação.

 

Ao contrário do que se verificava até então, excepção feita à Magnum, os sistemas de travagem e suspensão, encontram-se à altura das prestações da moto. A forquilha dianteira da Paioli apresenta a possibilidade de regulação, sendo agradável o seu desempenho em conforto e rigidez torcional. O travão dianteiro mostrou-se mais progressivo que o tambor traseiro, bastante eficaz a pedir uma actualização mais suave para não se correr o risco de bloquear a roda. A sua agilidade resulta da combinação de uma posição de condução descontraída, baixo peso, e desempenho do motor.

 

A travagem dianteira está a cargo de um disco com 220mm de diâmetro

 

Pega para o passageiro com pouco espaço para colocação das mãos

 

O monocilíndrico a dois tempos da Casal estreia o sistema de lubrificação separada

 

O tambor traseiro evidencia-se pela sua mordacidade.

 

Os limites numa condução mais desportiva são unicamente impostos pelos pneus, estreitos e de aderência duvidosa. Face à Casal Arizona temos motivos para sentir que na realidade algo começa a mudar no procedimento dos construtores nacionais, mais preocupados com um público jovem, a grande aposta em termos de futuro.

Neste modelo à performance junta-se a segurança, apresentados sob uma imagem modernizada. As intenções da Arizona são bem claras, conquistar um lugar especial dentro do mercado dos ciclomotores, beneficiando de argumentos que lhe permitam suplantar o que até aqui estava instituído e confrontar-se com armas semelhantes à concorrência estrangeira.

A Arizona revela um conjunto equilibrado, onde só os pneus impõem alguns cuidados.

 

Ficha técnica
Motor: Monocilíndrico a dois tempos
Cilindrada: 49,9cc
Potência: 7,3cv/8500rpm
Binário: 0,616 kgm /8500 rpm
Arranque: Eléctrico/ por pedal
Lubrificação: Separada (autolube)
Quadro: Dupla trave em aço estampado
Caixa: 6 velocidades
Transmissão: Por corrente
Suspensão dianteira: Forquilha hidráulica regulável
Suspensão traseira: Monoamortecedor hidraúlico
Travão dianteiro: Disco de 220mm de diâmetro
Travão traseiro: Tambor de 140mm
Pneu dianteiro: 16 x 2,75
Pneu traseiro: 17 x 3,00
Comprimento: 1970mm
Largura: 780mm
Peso a seco: 90kg