A energia Portuguesa - Famel Electron

Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motociclismo dos anos 90. O texto é da responsabilidade de Marcos Leal e as fotos de Gabriel Penedo.

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A Famel apresentou a sua nova scooter eléctrica, a mais avançada da actualidade. Esta marca está de parabéns, são raras as vezes que Portugal se pode vangloriar de estar na dianteira da tecnologia.

A scooter eléctrica, já não é um projecto novo na Famel tendo-se já dado conta do primeiro protótipo nestas páginas, no ano de 1993. Passados quase três anos o fabricante português, mostrando um forte empenho em responder ao interesse que foi demonstrado pelo primeiro modelo, surge com uma evolução deste.

A nova unidade, que se encontra a rolar em alguns páises europeus, é um marco na evolução deste tipo de veículos, novamente à frente de todos os grandes construtores mundiais.

Embora tenha conhecido um elevado sucesso lá fora, onde qualquer projecto com estas características tem apoio governamental, cá dentro apenas agora começam a delinear prespectivas de algum interesse.

Durante a apresentação realizada no passado mês de Dezembro estiveram presentes algumas entidades do actual governo e da expo (interessados na possível aquisição de veículos para o recinto) entre outras, o que poderá significar uma abertura de novos horizontes.

Motor inovador

Face ao anterior projecto, a Faxion, a nova scooter, a electron apresenta como grande evolução o conjunto motriz utilizado, cuja transmissão se encontra bastante distante do que tem sido utilizado até hoje. O motor eléctrico  encontra-se agora posicionado junto à roda com um novo sistema de transmissão que elimina a correia na forma como a conhecemos, vulgarmente utilizada nas scooter térmicas.

O novo sistema é bastante mais compacto permitindo que esteja todo alojado em volta do motor, reduzindo-se as perdas de energia por atrito. Assim liberta-se o espaço vulgarmente ocupado pelo motor para colocar as baterias, baixando o centro de gravidade e aumentando a capacidade destas, devido a estas poderem ser de maior volume.

Esta nova Famel eléctrica apresenta em tudo, excepto motor, idênticas as "normais" scooters, contando mesmo com o local para o capacete.

Com a carga total a Electron detém uma autonomia de média de 50km, o suficiente para as deslocações diárias dentro da cidade. Existe, no entanto, contacto com um fabricante americano de baterias, as quais poderão vir a garantir uma maior autonomia. Actualmente é no campo do armazenamento de energia, que os veículos eléctricos encontram as maiores dificuldades e atraso tecnológico.

Para efectuar a carga deste veículo basta liga-la a uma vulgar tomada de 220 volts, através de um cabo que se encontra no "porta luvas".

A evolução das baterias ainda não evoluiu o suficiente para garantir uma grande capacidade com baixo peso, volume e peso e detenha uma boa durabilidade (nº de cargas possíveis). No caso desta Famel são utilizadas três baterias de gel de chumbo de 12v e 55Ah, que garantem um mínimo de 600 cargas o que representa uma vida útil do veículo de 30000 km (na pior das hipóteses).

O maior avanço registado neste modelo, é a utilização de um motor colocado na roda que evita a correia de transmissão

Ao nível das restantes.

Embora não se tenha efectuado um contacto muito profundo com a Electron, foi possível verificar que as prestações desta são idênticas às de motores térmicos. O seu equipamento também nada lhes fica a dever, existindo mesmo compartimento para o capacete.

Mesmo com um preço final relativamente elevado, cerca de 450 contos, com uma utilização durante 5 anos a scooter eléctrica fica mais económica por quilómetro relativamente a uma convencional, 25 e 31 escudos respectivamente, tendo as vantagens ecológicas que se reconhecem a este tipo de propulsores.

O painel de instrumentos é similar aos das suas congéneres de combustão, tendo um avisador de falta de corrente nas bateriais.

Sem dúvida que com as actuais características a Famel Electron já se pode considerar como uma opção viável como meio de transporte citadino, mas demonstra também que os veículos eléctricos se encontram ainda no início do seu processo evolutivo. Tendo em conta o esforço que a Famel tem feito neste campo, mesmo com as graves dificuldades financeiras por que passa, seria louvável que o governo apoiasse fortemente esta marca portuguesa.