A renovação.

Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motojornal dos anos 90. O texto é da responsabilidade de Pedro Vitorino e as fotos de  Photocourse.

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Alguma coisa está a mudar, e para melhor. Com a concorrência a aumentar e o fim do proteccionismo por parte do governo, as indústrias nacionais das duas rodas não podem perder o comboio. Sendo assim, só lhes resta modernizar e fabricar modelos que retomem as últimas tendências. Foi este o caminho seguido pela Famel ao apresentar a Olimpic 92.

 

De linhas actuais e possuidora de uma mecânica evoluida, a Famel Olimpic poderá marcar o virar da página para este construtor nacional.

 

Este modelo faz uso de um novo motor totalmente desenvolvido pela Famel, uma unidade de 50cc com variador, ou seja, um motor " acelera", como faz falta para um modelo como a Olimpic.

O novo motor segue os principios das outras marcas e é completamente produzido na fábrica ( apenas o carburador e a parte electrica são fornecidas por outras firmas), sendo bastante adequado para a Olimpic.

Esta inclui todos os requesitos actuais, tais como arranque eléctrico e lugar para guardar o capacete por baixo do assento.

 

 

Estética.

 

A Olimpic apresenta-se bem concebida, com um conjunto de cores muito agradáveis e uma decoração que não destoa.

A carenagem de grandes dimensões que integra o farol da frente poderia ser melhor adaptada à estética global da máquina, pois a protecção aerodinâmica neste tipo de veículos não será dos pontos mais importantes, na medida em que as velocidades que atingem não são elevadas a ponto de tornarem necessária a utilização de uma carenagem.

Este é o único ponto que merecia reparo, pois todo o resto encontra-se bem integrado no estilo da Olimpic.

 

Acabamentos.

 

Vão longe os tempos em que este capítulo parecia ser esquecido pelos nossos fabricantes, já que a Olimpic apresenta-se com um nível de acabamentos notável. A qualidade dos plásticos é muito boa, sendo estes fabricados em ABS ( são praticamente indestrutíveis, como tivemos oportunidade de experimentar ao saltar para cima de um destes elementos, verificando que este não se partiu nem sofreu qualquer deformação plástica).

 

Este ciclomotor possui um comportamento equilibrado e uma posição de condução bem conseguida, permitindo uma facil adaptação a condutores de diversas estaturas.

 

Todos os componentes estão perfeitamente encaixados e muito bem montados, sendo de referir que o farol traseiro e grupo óptico da frente mostraram sempre um bom funcionamento, enquanto que a luz de stop na traseira sobressai perfeitamente da luz de presença.

Os comutadores são de boa qualidade e de facil manuseamento, sendo todos do lado esquerdo, incluindo o do arranque eléctrico.  O painel de instrumentos possui, para além do habitual velocímetro com conta- quilómetros, um indicador do nível de gasolina, luzes de piscas e indicadores de luzes, apesar de o modelo testado não incluir piscas, sendo estes opcionais.

A Olimpic possui um compartimento para o capacete, com acesso por chave diferente do da ignição e foi neste local que encontramos um pequeno pormenor negativo, pois este espaço revela-se pequeno, cabendo à justa um capacete integral. Para além disso, o acabamento é em fibra de vidro, não sendo muito agradável ao tacto e podendo riscar o capacete, mas foi-nos assegurado que os próximos modelos a serem fabricados já teriam esta parte em ABS, pois o molde já estava em adiantado estado de construção.

 

O motor é um dos pontos fortes do conjunto, sendo de assinalar que a sua concepção e consequente construção são da responsabilidade da própria Famel.

 

Motor:

 

Trata-se de um monocilíndrico a 2 tempos de refrigeração por ar, com embraiagem centrífuga automática a seco e ignição do tipo CDI, desenvolvendo cerca de 6,8cv às 7000rpm.

Como já mencionamos, este motor é completamente fabricado e desenvolvido pela Famel, sendo apenas importados o carburador - da conhecida marca Japonesa Mikuni - e a parte eléctrica.

 

 

Este propulsor pareceu-nos bastante bom, com potência suficiente para a Olimpic atingir uma boa velocidade e nas subidas nunca mostrou sinal de esforço, parecendo ter sido acertada a escolha da desmultiplicação, pois o motor não esgota facilmente.

 

O painel de instrumentos é agradável, sendo de salientar a presença de um indicador do nível de combustível.

 

 

Por baixo do assento existe um espaço para guardar o capacete, pormenor que demonstra bem a actualidade desta máquina.

 

 

 

Comportamento:

 

Ao rodarmos com a Olimpic, apercebemo-nos da sua facilidade de condução, bastante mais estável que as "scooters" devido às suas rodas de 14 polegadas e com uma posição de condução bastante cómoda, mesmo para alguém com mais de 1,85m. Se pretender transportar passageiro, é melhor esquecer, pois não existem poisa-pés para além dos do condutor. Em andamento notamos que as suspensões são bastante bruscas, e algo rijas. A traseira tem apenas um amortecedor, e se este amortece bem, já a sua recuperação faz saltar a traseira, mesmo que o piso não seja muito mau. Na frente temos uma forqueta hidráulica telescópica que poderia ser bastante melhorada. 

A travagem está a cargo de tambores ( na frente como na traseira), sendo estes bastante progressivos, mas acusando falta de potência para algumas situações mais inesperadas, sendo necessário fazer bastante força nas manetes.

Quanto ao equipamento pneumático, penso que poderia ser de melhor qualidade e este continua a ser um capítulo algo descurado pelos construtores nacionais.

 

 

O travão dianteiro é progressivo, mas pouco potente, enquanto que a suspensão também não se mostrou muito eficiente.

 

Conclusão:

 

Estamos perante uma boa proposta que aliada a um preço bastante competitivo será sempre uma opção para quem procura um ciclomotor sem caixa de velocidades, pois a Olimpic possui todos os "ingredientes" que normalmente a concorrência apresente.

Havendo alguns aspectos que poderão ser melhorados, principalmente ao nível das suspensões e travões, já que são estes os pontos mais fracos da nova Famel, será no entanto de realçar o esforço deste nosso construtor que está a fazer os possíveis para renovar os seus modelos, tornando-os mais actuais e principalmente mais atractivos.

 

Ficha Técnica
Famel Olimpic 92
Motor
Tipo - Monocilíndrico a 2 tempos refrigerado a ar.
Admissão - Por lamelas directamente ao carter.
Cilindrada - 49,9cc 
Diametro X Curso - 39 X 41,3
Taxa de compressão - 9:1
Potência maxima- 5KW( 6.8cv) 7,000rpm
Binário maximo: N D
Alimentação - Carburador  Mikuni
Ignição - Electrónica 
Arranque - Eléctrico ou por pedal
Transmissão
Embraiagem - Automática centrifuga
Ciclística
Quadro : N D
Suspensão dianteira: Forquilha telescópica
Suspensão Traseira: Sistema Monobraço com amortecedor lateral.
Travão dianteiro: Tambor
Travão traseiro: Tambor
Pneu dianteiro: 2,75 X 14
Pneu traseiro: 2,75 X 14
Dimensões 
Comprimento máximo : 1700mm
Largura máxima: 330mm
Altura máxima: 800mm
Distância entre eixos: 1045mm
Distância ao solo: 220mm
Capacidade do reservatório de combustível - 5.0 lt
Peso a (seco): 56kg

 

Outros dados
Marca: Famel
Modelo: Olimpic 92
Cores: branco e lilás
Preço: 183.280$
Fabricante : Famel