Clássica e Versátil - Macal M86 |
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Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motojornal dos anos 80. O texto é da responsabilidade de Gabriel Penedo e as fotos de Jorge Morgado. O site www.motorizadas50.com com a publicação destas reportagens pretende partilhar informações importantes sobre marcas e modelos que infelizmente já não se produzem e que dificilmente voltarão às páginas destas publicações. Se os autores/ responsáveis por estas reportagens acharem que este site ao publicar estes textos está a ir contra os interesses das publicações, enviem por favor um e-mail para motorizadas50@gmail.com que as mesmas serão imediatamente retiradas...
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Como os leitores devem estar recordados, na passada semana apresentámos a ultima novidade da Macal em matéria de Trails. Tratava-se de uma 50cc com o motor já visto num modelo anterior. Mas nem só destes modelos vive a produção da fábrica de Águeda. Das suas linhas saltam modelos destinados ao uso em estrada. Exemplo disso é a Macal M86. Tem linhas que poderemos considerar de clássicas mas foi objecto de actualização.
Como se pode apreciar nesta fotografia as linhas da Macal M86 são clássicas embora as pequenas carenagens no farol e motor lhe confiram um toque mais actual.
Quem viaja pelo nosso país é conhecedor do tipo de veículos de duas rodas que circulam naquilo que se convencionou chamar de "província". Termo vago que pretende marcar a diferença com o termo, não menos geral, de "cidade". De imediato cada um suscita, respectivamente, a ideia de uma vida calma ao ar puro e uma vida agitada no fumo citadino. Ambientes distintos, sem dúvida.
"Para todo o pau"
Enquanto na "província" os condutores deparam com estradas de má qualidade, por vezes, caminhos de terra, na "cidade" existe asfalto, aqui e ali salpicado de buracos. Como é de prever, para ambas as situações serão necessários dois tipos diferentes de moto. Para a "província" uma Trail, cujo comportamento se evidencia melhor nessa situação e para a "cidade" uma estradista com condutor hábil a safar-se dos buracos. Mas é pouco prático possuir duas motos, em particular pelo seu actual preço. Para muitos, no acto de compra, é escolhido um modelo capaz de superar todas as situações do dia-a-dia. A pouco e pouco o feliz motociclista adapta-se à novidade. Mais ainda, supera as dificuldades diárias e com satisfação vê os quilometros a passarem sem problemas de maior. Circula nas estradas nacionais,, nas municipais e até no caminho de terra se for preciso. Serve para ir ao emprego, para dar boleia ao amigo até ao café, para levar a mulher às compras e quantas vezes para a trazer de volta com os sacos pendurados. A moto é "pau para toda a obra".
Versátil, tanto se presta para o uso na estrada nacional como na municipal, com à vontade.
Clássica
Para este tipo de utilizador, não é muito importante a beleza do veículo, se tem a última moda em termos estéticos ( dois farois, depósito de generosas dimensões...). Basta ser fiável e cumprir as exigências que lhe são impostas na utilização diária. Para este utilizador uma máquina de 50cc de concepção nacional, serve "às mil maravilhas". Para mais o seu preço é inferior a um modelo estrangeiro da mesma cilindrada. Pensamos que para este utilizador a Macal M86 é uma possível escolha. Pela sua robustez, pela simplicidade e, apesar do seu classicismo de linhas, pela sua funcionalidade. Comercializada em vermelho com autocolantes brancos ou em cinzento metalizado com autocolantes vermelhos a M86 adopta as linhas de alguns anos atrás. Uma pequena carenagem com ecrã, e uma protecção do motor em forma de quilha, favorecem a primeira aproximação. O painel de instrumentos apresenta apenas o essencial com luzes indicadoras de mudança de direcção, médios e velocimetro. O banco, um pouco ultrapassado, está no seguimento do depósito de dez litros e permite o transporte de pendura para a qual estão previstas duas pegas laterais. Com a adopção de uma caixa de ferramentas exterior presa à pega do lado direito, esta é pouco prática devido à falta de espaço para posicionar a mão.
Esta é a caixa de ferramentas que não permite o uso da pega dianteira para o pendura.
Refrigeração liquida.
Nos últimos anos a Macal tem adoptado a refrigeração liquida (àgua) para os seus modelos. A M86 não foge à regra. Aliás, a sua unidade motriz é a mesma da RVG que apresentámos na semana passada. Possui diâmetro e curso de 38,8 e 42mm, perfazendo a cilindrade de 49,6cc e desenvolve 7,35cv às 9.000rpm. A mistura a 4% efectua-se automaticamente através de bomba alimentada por depósito de um litro. A refrigeração liquida está a cargo de um radiador colocado logo abaixo do depósito de combustível de 10 litros. A Macal comercializa também a M86com refrigeração por ar (M86 P6R) sendo neste caso mais leve dois quilos em relação ao modelo com radiador (M86 RV6). A transmissão primária é assegurada por engrenagens, a embraiagem é do tipo multidisco em banho de òleo, a caixa de 6 velocidades e a secundária por corrente. Existem ainda versões com caixa de 3 e 4 velocidades mas neste caso tomamos contacto com a versão com caixa de 6.
Apenas na frente se recorreu do uso de travão de disco.
Em termos de ciclistica encontramos um quadro duplo berço construído em tubo de aço pintado de preto ao qual está acoplada, na frente, uma forquilha telehidraulica e atrás um braço oscilante de alumínio com monoamortecedor a gás. As jantes, com cubo de alumínio montam pneus de 18 polegadas na versão refrigerada por àgua e de 17 na versão refrigerada por ar.
Dois aspectos do radiador de àgua e do bico que protege o motor conferindo uma estética melhorada ao modelo.
Quanto aos travões assinalamos um disco de 220mm para a frente e tambor de 150mm atrás.
Impressões de condução.
Nos poucos quilometros em que rodámos na Macal M86 refrigerada por àgua sempre notámos a facilidade com que o motor sobe de regime. Era bastante agradável ouvir o motor subir de rotações, engrenar mudança, subir de novo de rotações e de novo usar a caixa até à sexta. A posição de condução não é cansativa até porque as pernas se encaixam de forma harmoniosa junto ao depósito. Apenas o banco nos pareceu um pouco duro.
O painel de instrumentos protegido por uma pequena carenagem, possui as informações estritamente necessárias.
As suspensões passaram bem sobre os acidentes do piso com comportamento superior em relação a outros modelos de baixa cilindrada. Só os travões nos deixaram outra impressão. Apesar de travarem o veículo, o disco dianteiro produzia um efeito sonoro desagradável. De uma forma geral esta máquina está à altura das exigências do tal motociclista que procura um veículo versátil.
A técnica
Conforme os nossos leitores devem estar recordados, publicámos na passada semana a apresentação da Macal RV6. Uma vez que o seu motor é o mesmo da moto cujo contacto hoje lhe apresentamos, esta secção " A técnica" é muito idêntica. Gostariamos, porém, de rectificar um dado sobre o motor RV6. As medidas de curso e diâmetro estavam trocadas, em vez de 38,8 para o curso essa cota deveria ter sido mencionada para o diâmetro e os 42mm então sim, para o curso, uma vez que este motor é a versão "corsa lunga" da Minarelli. Em relação à RV 6 existem ainda duas outras diferenças. Enquanto aquela possuia jantes de 21 polegadas na frente e de 18 atrás a Macal M86 possui jantes de 18 polegadas em ambas as rodas e de 17 na versão com motor refrigerado a ar. A segunda diferença tem a ver com o peso: a primeira com 88 kg e a M86 com 92 ( mais dois quilos do que o modelo refrigerado por ar).
Todos os elementos que compõem o motor da M86. É visivel a ignição Ducati
Pormenor do Piston.
O escape é dividido em duas secções
Todos os elementos da ciclistica e motorização são agrupados em torno do quadro, um duplo berço em tubo de aço a que vemos ligado o braço oscilante.
A admissão por lâminas da mistura realizada no carburador Dell Orto garante funcionamento do motor refrigerado a àgua da M86. |