Discreta, robusta e resistente- Macal M86 |
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Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motojornal dos anos 80. O texto é da responsabilidade de José Caldeira e as fotos de Jorge Morgado. O site www.motorizadas50.com com a publicação destas reportagens pretende partilhar informações importantes sobre marcas e modelos que infelizmente já não se produzem e que dificilmente voltarão às páginas destas publicações. Se os autores/ responsáveis por estas reportagens acharem que este site ao publicar estes textos está a ir contra os interesses das publicações, enviem por favor um e-mail para motorizadas50@gmail.com que as mesmas serão imediatamente retiradas...
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Italo/Portuguesa, sem dúvida uma mistura curiosa para uma montagem que com todos os seus prós e contras tem dado trabalho aos aspirantes ao título de Enduro, nas classes de 50 e 80cc. O nosso único contacto com os motores italianos apenas se verificou no ano passado, quando da apresentação da Aprilia AF 1 e desde logo nos ficou marcado a facilidade de desenvolvimento deste e a sua robustez, cabendo agora o teste de uma moto que representa marcadamente algo do que ainda se faz por cá, a Macal M86. Numa primeira perspectiva observamos que este modelo não apresenta nenhuma das sofisticações usuais exibidas pelos motores japoneses, não porque estas sejam de desprezar mas porque o mercado a que está destinado se situa totalmente à margem do que prefere as máquinas japonesas.
Qual é a Honda, Yamaha, Suzuki, Kawasaki capaz de aguentar com as caixas de carga por vezes perigosas para a estabilidade do veículo, sair rapidamente de estradas de alcatrão para caminhos de terra? Sem possuir uma posição de condução desportiva aMacal M86 é facil de conduzir na sua velocidade máxima que pensamos ser na ordem dos 90 - 95km/h. Dizemos "pensamos ser" dado os manometros da moto de teste se terem mostrado bastante imprecisos. O modelo de testado ainda se encontrava na sua fase de protótipo, havendo alguns contratempos com as peças adoptadas, tais como o conta-quilómetros, o conta-rotações e todo o painel de bordo em geral. Sendo uma moto a dois tempos sem qualquer tipo de sistema de distribuição de potência, o Minarelli desta Macal revelou-se pontudo sendo necessário ir buscar a sua potência em rotações bastante elevadas, mas aguentando perfeitamente regimes altos. A caixa de seis velocidades revelou uns "raports" curtos, ideais para a deslocação em estrada, permitindo a engrenagem da mudança mais alta com facilidade sendo a partir daí o andamento apenas condicionado pelo acelerador. Ao contrário do por nós esperado, a rotação excessiva do motor não prejudica em nada o conforto da condução. Absorvendo muito bem as vibrações, os apoios do motor não permitem a propagação destas, mantendo em bom estado todo o aperto das peças do exterior normalmente as mais afectadas. Ambas as suspensões se revelaram duras, ideais para a absorção das irregularidades existentes entre as estradas nortenhas. Por várias vezes, quando do nosso teste, tivemos oportunidade de verificar tal eficácia ao entrarmos imperturbaveis em curvas acidentadas a fundo, sem que tal alterasse o comportamento do conjunto, para além de provocar umas certas falhas na respiração do condutor. Em piso normal, por muito incrível que pareça, a montagem permite ao modelo curvar até que as peseiras roçem no asfalto. Desde que fosse conseguida a aderência dos pneus, dois pneumáticos de origem Japonesa, a primeira vez por nós testados, que se tornavam possiveis incriveis ângulos de inclinação em curvas fechadas, demonstrando uma aptidão desportiva fora do normal para a sua aparência, mas "as aparências iludem".
A suspensão traseira por monoamortecedor sem qualquer tipo de afinação não revelou deficiências tanto na sua mola como no seu amortecedor, respondendo eficazmente às acções a que era solicitada, nunca " balouçando" como é habitual em determinados braços oscilantes. O travão dianteiro, por disco de 220mm, revelou-se um pouco tardio na resposta ao accionamento da manete, mas de bom rendimento para as necessidades da moto. Talvez estranhem, como nós estranhamos, em ver nas fotografias uma coloração não habitual no disco de travão, mas tal deve-se a uma camada de tinta aplicada neste, quando da sua fabricação, de modo a garantir uma melhor protecção contra a corrosão até à sua montagem na moto. Um bom disco de travão em metal é aquele que normalmente é feito com elevadas percentagens de ferro, metal muito macio e de melhor aderência das pastilhas, mas de muito facil ataque pelo oxigénio, razão desta pintura negra nos discos da Macal.
Sem acessórios de grande impacto, a Macal M86 imprime uma linha futurista num mercado tão tradicional.
O calço do travão traseiro de 150mm de diâmetro é suficientemente potente para com o travão de disco dianteiro garantir as condições normais de segurança a todo o veículo. Convém finalmente sublinhar o arduo trabalho que se desenvolve em Águeda. Tivemos oportunidade de visitar todas as suas instalações, bem como as dos seus associados, onde se fabricam alguns acessórios de elevada qualidade, e observamos incrédulos o rendimento de um sector que há muito por nós dado por ultrapassado e estrangulado pela constante preferência do público pelo mercado oriental.
Painel simples e sóbrio escondido pela pequena semicarenage.
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