Macal PRE 50 Troféu- No melhor Caminho |
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Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motojornal dos anos 90. O texto é da responsabilidade de Rui Marcelo e as fotos de Photo Course. O site www.motorizadas50.com com a publicação destas reportagens pretende partilhar informações importantes sobre marcas e modelos que infelizmente já não se produzem e que dificilmente voltarão às páginas destas publicações. Se os autores/ responsáveis por estas reportagens acharem que este site ao publicar estes textos está a ir contra os interesses das publicações, enviem por favor um e-mail para motorizadas50@gmail.com que as mesmas serão imediatamente retiradas...
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No nosso país ainda existem pessoas que teimam em aplicar as suas ideias, as suas tecnologias e dar vida a projectos, mais ou menos ambiciosos e sonhadores. Existem ainda pessoas que tentam levantar bem alto o nosso nome e de tudo aquilo que é "Made in Portugal", no fundo o fruto do seu esforço e dedicação. Na Macal é assim. Ainda Bem
O novo visual da Troféu rompe um pouco, no bom sentido, com todo o tipo de produção da marca e marca um virar necessário na industria nacional. A forte concorrência obriga a que as nossas produções sejam cada vez mais cuidadas e desenvolvidas.
Com a actual recessão económica que o nosso país atravessa, com os consequentes aspectos negativos que ela acarreta tanto a nível social, empresarial e económico, fazer impôr produtos e ideias perante uma forte concorrência, pode-se tornar um pouco dificil e até mesmo impossível. Tanto mais quando o produto é totalmente desenvolvido e produzido dentro do nosso país. Fazer valer a prata da casa, lutar por um lugar ao sol e continuar a ser uma das marcas mais carismáticas do nosso mercado é sem dúvida um dos grandes objectivos da Macal. Um objectivo por vezes bastante dificil de atingir, mas que nunca foi posto de lado por parte dos responsáveis da casa de Águeda.
Contra a recessão e a concorrência
Há mais de vinte anos a trabalhar no desenho, desenvolvimento e produção de ciclomotores, centrados no segmento das cilindradas mais baixas, as 50cc, a Macal faz parte do reduzido lote de empresas que ainda consegue resistir e subsistir à forte onda negativa que ensombra a indústria nacional, com o constante encerramento de fábricas e a consequente diminuição de postos de trabalho. Contudo, na Macal, trabalha-se dia após dia para colocar no mercado produtos que sendo no mínimo melhorados sucessivamente, tentam introduzir algo de novo no sempre competitivo mercado dos ciclomotores de 50cc, que parece ter entrado em marasmo a nível de realizações nacionais. A troféu PRE 50 é um dos frutos deste trabalho e dedicação. Sendo um sector em que a concorrência estrangeira tenta demarcar-se com máquinas que já ganharam fama e obtiveram um lugar preferencial entre todos aqueles que procuram aqui a sua primeira moto ou mesmo a sua companheira ideal, a classe das cinquentas encontra-se muito bem recheada no nosso país, um pouco à imagem do que sucede nos outros paises europeus. Os ciclomotores deixaram de ser Tabu entre os menos receptivos a este tipo de veículo, e uma grande camada de pessoas, especialmente jovens, adere dia após dia a esta forma de estar na vida. Conheçamos a concorrência: a MVM, outra empresa que tenta resistir à decadência do mercado nacional, apresenta a sua GPR 50, um modelo com bons atributos, completamente produzida em Portugal e que constitui também ele uma das preferências dos menos abastados; a Suzuki TV 50 Wolf, um modelo bastante simples, robusto, menos "ambicioso" desportiva e esteticamente do que as suas rivais nipónicas, mas que contudo tem sempre uma palavra a dizer entre as mais pequenas; a Yamaha TZR 50 - actual sucessora da imbatível RZ50 que serviu de autêntica escola para inúmeros dos leitores que estão a ler estas linhas - um modelo mais moderno, revisto e mais "coberto" do que a sua antecessora, um pouco mais diminuto, mas bem ao gosto dos mais "desportivos"; a Honda NSR 50, uma autêntica veterana no nosso país já com um vasto lote de remodelações sobretudo estéticas ao longo dos anos que tem permanecido no mercado; a Malaguti RST 50 um modelo bem ao gosto latino, com todos os argumentos, tanto estéticos, ciclisticos e mecanicos, que os Tifossi, e não só, tanto pedem, mas com um sucesso relativo no nosso país; a SIS Cagiva, que tal como o nome indica monta um motor da casa italiana num quadro e ciclística nacionais, procurando assim também oferecer um produto capaz de dar prestigio à grande casa nortenha; a Cagiva Prima, uma autêntica Obra- Prima em termos de "cinquentas" com muita tecnologia, garra e imagem da sua madrinha Ducati e que tem feito o gosto a muitos jovens bem comportados; por fim a sempre espectacular e deveras conquistadora de sonhos Aprilia RS 50 Extrema, verdadeiro objecto de culto para os mais novos e amigos do papá. Todos foram referidos numa escala progressiva de valor de aquisição.
Tanto na sua versão vermelha como amarela (na foto) a Troféu apresenta um desenho muito jovem, agressivo e dinâmico
O conhecido Minarelli.
A Troféu tem assim de enfrentar uma concorrência forte e sem dúvida expressiva, mas atributos não lhe faltam. Mais que reconhecido e posto à prova, o motor que equipa a Troféu é como não poderia deixar de ser o Minarelli P6R. Continua assim a produtiva ligação entre a fábrica nacional e o famoso construtor italiano de motores, fruto de muitos anos de excelente relacionamento. Para este modelo, a estrutura do motor manteve-se a mesma, ou seja: monocilíndrico a dois tempos, arrefecido por ar, montado com caixa de seis velocidades. Um motor que já mostrou tudo aquilo que tem para mostrar em termos de prestações, fiabilidade e comportamento, visto ser a "alma" de inumeros modelos da Macal. Os seguidores deste tipo de motor conhecem, com certeza, todas as capacidades deste modelo. Quanto à ciclística, a nova máquina conta com material de "primeira apanha" em termos de componentes para esta classe. O quadro, totalmente desenvolvido e construido nas instalações da marca, é uma estrutura em tubos de aço, formando uma dupla trave superior, de grande efeito estético e de alguma influência nesta moto, enquanto que a sua secção traseira é construida em tubos de aço de secção rectangular, que comporta os dois assentos e toda a estrutura exterior. A forquilha é uma Paioli convencional à frente, enquanto que atrás monta um comprovado amortecedor Spid, aliando-se assim a mais uma marca nacional de prestígio. Quanto aos plásticos e carenagens, estes são termomoldados e também construidos no nosso país, à imagem do painel de instrumentos, da Faconsa e do escape da Jamarcol. No fundo o que se procura é conceber uma máquina totalmente construida no nosso país, com o maior número de componentes nacionais, muito atractiva, de boas prestações e claro, de baixo custo.
Estética agressiva
Este é um dos pontos de maior destaque na nova produção nacional. Ao longo destes anos estavamos habituados a ver sairem das linhas de montagem das nossas fábricas modelos em que a estética e a imagem era, e ainda continua a ser, um dos pontos menos importantes, dando mais importância à sua maior longevidade, e que em nada contribuiam para o aumento do nível das produções nacionais. Agora, a concorrência é cada vez mais apertada e uma boa imagem vale mais do que mil palavras. Tem mesmo de ser assim. Não querendo, nem podendo, fugir a este importante facto, também os tecnicos da Macal tiveram de se aplicar a fundo e conceber uma "roupagem" para esta moto deveras atractiva e interessante. Idêntica num primeiro contacto ao modelo espanhol da Honda NS-1 (que nunca chegou a vir para Portugal), e sendo uma alteração do primeiro modelo que foi introduzido em Espanha- o primeiro mercado que esta moto enfrentou- com a alteração do conjunto optico frontal, a Troféu oferece uma imagem sem dúvida muito bonita e de bom gosto, com uma larga optica na frente, com a carenagem a cobrir toda a estrutura da moto, excepto quadro, e com algumas formas bem proporcionadas e ergonómicas. Os plásticos são de boa qualidade, com bom nível de pintura, e surpreendentemente sem vibrações e barulhos parasitas de destaque. A parte traseira é também ela muito moderna, com o banco de duas alturas a dar uma imagem "racing" a todo o conjunto. Nota negativa para os espelhos que permitem apenas ver os braços e desapertam-se com muita facilidade. Os comandos são de boa qualidade, faceis de accionar e dentro de um nível bastante razoável. Toda a imagem imanada por esta moto é, sem dúvida muito atrevida e de nítida inspiração desportiva, como convém
Motor muito vivo.
Os dois modelos que tive à minha disposição para efectuar este contacto ainda se encontravam num estado primário, ou seja acabadinhos de sair da linha de montagem. Contudo, isto não significaria um entrave à exploração das suas capacidades, antes pelo contrário, pois foi-me dada luz verde para fazer o que bem entendesse com as pequenas cinquenta. Um à vontade pouco visto noutros fabricantes e importadores... Há que testar! Uma das mais agradáveis surpresas é o motor Minarelli. Facil de colocar em funcionamento, com baixo nível de vibrações a baixa rotação- fruto de um cada vez maior estudo concepcional- uma das características mais importantes deste motor é a sua vivacidade na subida de rotação. Vivacidade esta que nos faz esgotar com enorme facilidade o limite do regime de rotação, em qualquer velocidade. Fazê-lo rodar sempre em alta torna-se bastante agradável e divertido sendo esta a única forma de podermos rodar depressa. Mesmo assim a entrega a baixa e média não é com isto sacrificada, existindo sempre uma boa dose de potência disponivel para podermos rolar mais tranquilamente. A caixa é um pouco dura e de dificil accionamento originando algumas falhas na passagem de velocidades. As suas relações são as ideais para o melhor aproveitamento possível do motor.
A ciclística mais trabalhada e o comportamento muito dinâmico do motor permitem um melhor comportamento e desempenho desta moto, oferecendo-nos a possibilidade de uma condução sempre muito divertida.
Futuro Risonho?
Quanto a travões, o disco Brembo da frente cumpre eficazmente a sua função detendo a moto com eficácia sempre que necessário, mas com um accionamento um pouco duro. Não tende a bloquear a roda. Situação que também se aprecia com o tambor traseiro, mesmo numa condução com pendura. A ciclística cumpre da melhor forma as exigências do motor permitindo-nos levar para outros níveis o comportamento de todo o conjunto. Com todos estes atributos, uma estética invejável por muitos outros modelos da mesma classe, o sucesso da nova Troféu poderá ser um dado adquirido e real. Um preço verdadeiramente aliciante- 340.000$00 é também um dos grandes trunfos da nova Macal para ajudar a nossa indústria a percorrer o caminho para melhores dias..
O conjunto traseiro, travão e suspensão é idêntico aos restantes empregues noutros modelos da casa de Águeda.
O painel de instrumentos é bastante completo e de fácil leitura. A nível geral os acabamentos são de boa qualidade.
A forquilha dianteira Paioli é um dos pontos fortes desta moto bem como o travão de disco, com um comportamento duro mas eficaz.
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