Macal CY 50

Sim à qualidade.

Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motojornal dos anos 90. O texto é da responsabilidade de Rui Marcelo e as fotos de Photo Course.

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A ideia que se tem sobre as scooters é que são todas iguais. Sabemos que comportam grande parte dos seus componentes em peças que não divergem muito entre si tanto em design como em qualidade. Mas é enganado quem continua a pensar assim. Mas certa é também a ideia que há scooters que pretendem demarcar-se das restantes apostando no factor "qualidade". A Macal CY 50 é uma dessas.

 

 

Depois da explicação dada pelos homens que defendem a marca nacional, sobre a sua nova scooter, apenas restava comprovar, estática e dinamicamente, essas mesmas qualidades tão defendidas pelos seus "criadores". No geral, a CY demonstra bem os seus trunfos, justificando assim o construtor quando afirma que a CY é uma scooter de alto padrão. Alguns dos seus pormenores são de relevo, no conjunto de tantos ciclomotores deste tipo à disposição dos clientes nacionais. Mas passemos à descrição.

 

Estética.

 

A CY agradará, de certo, a muita gente. Não se pode afirmar que as suas linhas se demarcam das linhas das outras scooters existentes, mas as primeiras impressões são bastante boas. O habitual desenho agressivo e as linhas harmoniosas e actuais também estão presentes nesta novidade nacional. Apenas com um conjunto óptico, no qual estão incorporadas as luzes indicadoras de mudança de direcção, a CY apenas será proposta, por enquanto, na versão de "bico de pato".

O desenho da parte traseira, na qual a pega para o "pendura" está incorporada com os painéis laterais, é bastante bonito, completado com o conjunto de luzes traseiras todas incorporadas no mesmo elemento.

Cores também por enquanto apenas será só uma, a combinação entre o preto e o liláz, que na minha opiniãonão é "berrante" como noutras produções já vistas. Os componentes notam-se que são bem acabados, diria antes bem escolhidos, já que como os outros construtores de scooters, apenas é necessário ir até Taiwan e ... comprar as peças mais convenientes. As jantes, de desenho e concepção Malaguti, têm umas formas bastante bonitas, um pouco diferentes do habitual e, conjugadas com a forqueta telescópica Paioli e o travão de disco à frente, formam um desenho bastante agradável.

 

Motor.

 

A grande novidade presente nesta scooter é o motor. Construído pela Motori Minarelli, o monocilindrico a dois tempos têm a particularidade de ter o cilindro horizontal. É neste ponto que difere dos outros modelos existentes.

O motor horizontal (penso que o primeiro no nosso mercado), devido à sua disposição, permite um melhor arrefecimento do cilindro, um melhor enchimento do mesmo bem como a diminuição da altura total da scooter, permitindo a colocação já  habitual do capacete debaixo do banco. A admissão é feita por lamelas, a lubrificação separada (auto lub), a refrigeração por ar e o arranque é electrico ou por pedal, também já um "bis" neste tipo de veículos. Os valores de potência, segundo a marca são de 5,3cv às 5750rpm, encontram-se  no topo dos valores também reclamados por outros construtores para os seus modelos, o que é de bom agrado. Afirmo isto porque sem dúvida o motor revelou um bom comportamento.

 

Com linhas bastante modernas e cores bem combinadas e bonitas, a CY pretende ser uma scooter da alta gama.

 

"Temos uma Scooter de alta qualidade.."

A nova CY é a grande aposta da Macal para os próximos anos. Com efeito esta nova scooter reflecte em parte toda a situação que se passa neste sector. Segundo as palavras do Eng. Trigueiros Lobo, a ideia de produzir uma scooter tem de ser bastante ponderada e repensada. Não é barato, mesmo parecendo o contrário, conceber, desenhar e produzir uma scooter. Muito menos num país como o nosso: "Os preços do projecto são exorbitantes. Vimos que em Portugal não tinhamos hipóteses. Só as ferramentas para fazer o quadro custavam 45 mil contos, e os moldes para, por exemplo, produzir as jantes em alumínio custavam cerca de 125 mil. Nessa altura chegamos à conclusão que nem valia a pena pensar em seguir esse caminho"

A solução: acordar com várias empresas, nacionais e estrangeiras, para a produção e aquisição desses e outros componentes, dividindo assim os custos de produção. O objectivo passou a ser a construção de uma scooter de qualidade, mesmo utilizando componentes já vistos noutros modelos, especialmente os vindos de Taiwan, ( "reino" por excelência de grande parte dos fabricantes de scooters e seus acessórios), mas que neste sector são os de maior qualidade.

"Fizemos acordos com várias empresas. Procuramos com esses acordos produzir uma scooter de alto padrão de qualidade, um aspecto que sempre nos preocupou".

Até à data, a Macal tinha no mercado nacional um conjunto de scooters, com o seu nome, que não diferiam muito das outras scooters à venda no nosso país, mas que no fundo não atingiam a qualidade que esta pretende atingir, um trunfo com o qual a marca joga no futuro, e que se revela de grande importância em qualquer mercado, agora com a integração europeia: " A nossa scooter tem pormenores que a definem como sendo de alta qualidade. É uma scooter que não é barata, como aquela que se vende a qualquer preço, mas depois de colocarmos vários factores nos pratos da balança resolvemos assumir uma situação de compromisso". Acordando com empresas de vários ramos, a Macal foi "buscar", a esses mesmos acordos elementos já existentes. "Em Portugal fizemos acordo com duas empresas, a Ciclo Fapril e a Jamarcol, que nos constroem os quadros e escapes. No mercado internacional acordamos com a Malaguti, da qual vem o desenho, relativamente igual, para o quadro

empregado, (produzido parte na Ciclo Fapril e parte na Macal): com a Velosport, que no fez o desenho da moto bem como as ferramentas para os plásticos, e por fim tivémos o opoio fabuloso da Motori Minarelli, pois estavam extremamente interessados em que desenvolvêssemos o motor deles"

Assim nasceu a CY.

Mas é precisamente este um dos grandes trunfos da marca de Águeda, o motor:

"Temos o melhor motor que existia neste momento no mundo, o motor Minarelli que a marca italiana também produz para a Yamaha, para a MBK e  para a Malaguti. É o mais moderno em termos de scooters. É um motor horizontal, porque em Taiwan os modelos mais avançados das scooters têm este tipo de motor e não o motor vertical, aquele que é montado nas scooters cá vendidas. Tivemos de fazer um esforço muito grande, mudar um pouco a nossa mentalidade, já que todas as peças são praticamente produzidas fora do nosso país, excepto todas aquelas que podemos produzir dentro da própria fábrica. Mas como disse a Macal só tinha duas opções a seguir, ou nos produziam peças com o mínimo custo ou então procurávamos produtos de alta qualidade. Foi esse segundo caminho que seguimos. Podiamos comprar plásticos a metade do preço, mas preferimos comprar mais caro e melhor. Plásticos e peças suplentes que se o cliente tiver algum "azar" pode-se dirigir à nossa empresa e no dia seguinte já tem as peças que necessita para a reparação. Procuramos que todas as peças europeias fossem de alta qualidade, caso da forqueta Paioli, o travão de disco e jantes Grimeca, sob desenho da Malaguti. Podiamos construir as forquetas da suspensão mas sabiamos logo de início que não teriam  qualidade, por isso optámos por as comprar no estrangeiro" É assim que um dos responsáveis por este projecto define a nova scooter da marca. Um grande investimento que prevê a produção de 2 mil unidades já este ano: " Este é um investimento de futuro, um investimento numa scooter de alto padrão de qualidade, não recuperável num ano mas sim em vários anos.

Temos uma scooter que não é igual a todas as outras, mas sim uma scooter em que todo aquele que a adquire é o melhor publicitário dela própria".

 

A estreia no asfalto.

 

Na verdade, o motor desta scooter agradou-me muito. O pequeno minarelli, no arranque inicial, não tem aquele "disparo" como noutras scooters, mas o que não se torna muito importante já que depois é plenamente compensado em médio e alto regime, atingindo com grande rapidez altas rotações, levando assim a CY a atingir uma maior velocidade de ponta. Mesmo com pendura, o motor aguenta perfeitamente rotações de punho mais "drásticas" e depois de vencido o arranque, mantém um andamento vivo e muito divertido. Divertimento que podemos encontrar em estradas com bom piso.

Ajudada pelos pneus de maior largura, é um mais baixo centro de gravidade ( fruto da disposição do motor), e um bom comportamento da suspensão da frente (tenho visto poucas assim!), a Macal dá um grande gozo em vários tipos de curvas. o que revela o cuidado posto na concepção do quadro ( para o qual a Macal adquiriu uma nova máquina CNC e um robôt de soldadura) e o que por certo irá "aquecer" ainda mais as corridas entre os mais "RRR's"

 

O quadro da CY é produzido pela Ciclo Fapril de Águeda que em colaboração com a própria Macal, especialista em quadros, revela um bom nível de acabamento.

 

O motor Minarelli é sem dúvida um dos grandes trunfos deste ciclomotor. O seu comportamento é cheio de vivacidade e potência

 

 

 

Tanto o painel de instrumentos como o buraco para o capacete revelam o cuidado posto na escolha dos componentes.

 

"A Macal procurou material do melhor..."

Esta afirmação está bem patente no disco e jantes (Grimeca) e forquilha telescópica (Paioli).

 

A posição de condução da CY permite que qualquer um se adapte bem desde o primeiro momento, com a boa altura a que está colocado o guiador, não batendo, por exemplo, os joelhos nos punhos em curvas mais apertadas. Resumindo, a nova Macal agradou-me muito, e penso que também o fará aos seus futuros possuidores, quebrando assim a má ( e errada) ideia sobre o produto nacional.

A partir deste mês teremos uma scooter "made in Portugal".

 

 

Ficha Técnica
 
Macal Cy 50
 
Motor
 
Tipo - Monocilíndrico a 2 tempos refrigerado por ar,
Admissão - Por lamelas
Cilindrada - 49cc 
Diametro X Curso - 40 x 39,2 mm
Taxa de compressão - 12,4:1
Potência maxima- 3,8kw (5,3cv)/ 6750 rpm
Binário maximo:  5,7Nm (0,57) kgm
Alimentação - Carburador 12mm
Ignição -Electrónico CDI
Arranque- Eléctrico e pedal
 
Transmissão
 
Primária - Por correia
Embraiagem - Automática centrifuga
Caixa- Variador automático
 
Ciclística
 
Quadro :  Monotrave em tubo de aço
Suspensão dianteira: Forquilha telescópica hidraulica
Suspensão Traseira: Amortecedor hidraulico
Travão dianteiro:  disco de 155 mm com pinça de simples pistão
Travão traseiro: tambor 
Pneu dianteiro: 90/ 90-10
Pneu traseiro:  90/90 -10
 
Dimensões 
 
Comprimento máximo : 1690mm
Distância entre eixos:  1180mm
Largura máxima: 685mm
Altura do assento- 810mm
Peso ( a seco) - 75kg
Capacidade res. de combustível - 5lt
 
Outros dados
 
Marca:  Macal
Modelo:  CY50
Cores: Preto e lilás
Preço:  275.500$00
Construtor: Macal Lda, Borralha, 
Apartado- 9, 3751 Agueda.