Macal Dakar Junior Espelho perfeito |
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Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motojornal dos anos 90. O texto é da responsabilidade de Rui Marcelo e as fotos de Photo Course. O site www.motorizadas50.com com a publicação destas reportagens pretende partilhar informações importantes sobre marcas e modelos que infelizmente já não se produzem e que dificilmente voltarão às páginas destas publicações. Se os autores/ responsáveis por estas reportagens acharem que este site ao publicar estes textos está a ir contra os interesses das publicações, enviem por favor um e-mail para motorizadas50@gmail.com que as mesmas serão imediatamente retiradas...
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No campeonato nacional de Enduro e Raides, chamam a atenção de qualquer um, mesmo dos que menos se identificam e não estão por dentro deste tipo de competições. A classe a que pertencem, muito competitiva e em que o nível de preparação é, em muitas situações, bastante importante, permitiu que os seus criadores beneficiassem com todos os ensinamentos aí colhidos e os aplicassem nos modelos de venda ao público. A Macal Dakar Junior não poderia ser o melhor espelho das motos vencedoras da classe mais baixa do enduro.
Identica às versões anteriores, o modelo da Macal prima pela simplicidade e utilização de muitos componentes nacionais.
Contudo esta semana não vos iremos aqui falar das Macal que disputam esta competitiva e interessante classe, as motos que levaram até ao lugar de campeão nacional da sua classe o Sérgio Padilha no ano transacto ou que ainda este ano lutam pelos lugares cimeiros pelas mãos do jovem Carlos Duarte e Diogo Rodrigues. Essas ficarão, esperamos, para um próximo trabalho. Por agora iremos falar na nova versão da Dakar Junior, um modelo que existe há já algum tempo no nosso mercado e que tem sido bastante bem aceite por um vasto público.
Na procura da fiabilidade.
Quem procura uma Macal, neste caso de todo-o-terreno, procura um modelo que lhe garanta fiabilidade, prestações de bom nível, resistência, e principalmente de menor custo de aquisição. As hipóteses de escolha existentes no mercado nacional, perfazem um leque um pouco variado e bem recheado no que toca a produções estrangeiras- com as japonesas a liderar- e que são, sem duvida, as grandes adversárias do modelo nacional. A conhecida e indestrutível Yamaha DT 50 LC, a muito equilibrada e completa Honda CRM 50, a veterana e sempre surpreendente Suzuki TS 50, são a referência por entre os mais jovens e quem procura a sua primeira moto. A par destas três "amarelas" seguem a sempre "apetecível" e competitiva Aprilia RX 50, a Beta MX 50 R, nesta versão um pouco limitada a nível de prestações, ao contrário da sua irmã mais evoluída anova RK 6, e por último a Cagiva W4, bastante agressiva mas igualmente um pouco limitada em prestações. Quanto à "prata da casa", as produções nacionais, as melhores centram-se na Anfesa RT 50 M, uma grande endurista, os modelos da gama Fundador, outro sobrevivente nacional, e a Famel FX 50 Enduro, muito idêntica à Beta MX 50 R. A Macal é de uma forma especial, a única marca que ainda se encontra a disputar os campeonatos de todo-o-terreno disputados no nosso país, e diga-se em abono da verdade, de uma forma por vezes brilhante. Bem, e com tudo isto voltamos novamente ao "problema" de estarmos presentes perante um produto Made in Portugal. Voltamos a tocar em pontos que serão porventura motivo de controvérsia, como algumas vezes acontece quando se trata da qualidade e fiabilidade do produto nacional. É certo que a sua qualidade em relação aos modelos que já referi, é, e será sempre discutível, mas também certo será o facto de que os modelos da casa de Àgueda impõe a sua imagem, e especialmente pela sua motorização, perante as restantes concorrentes.
Poucas alterações.
Para 1994 as alterações da nova Dakar Junior centram-se especialmente a nível estético. A placa porta farol dianteira e óptica é mais uma vez um produto da firma nortenha HP, mas possui um desenho diferente, sendo idêntico ao das máquinas de enduro. Quanto aos restantes componentes, nada foi alterado mantendo-se o mesmo desenho e estética dos modelos anteriores. Os plásticos são todos de produção nacional, e o leque de cores disponível foi também aumentado para melhor. As formas de todo o conjunto são razoavelmente bem proporcionadas, exceptuando o depósito de combustível, com um formato um pouco "quadrado" na sua parte posterior, tornando-se um incómodo para as pernas do condutor. A moto é ligeiramente mais elevada em relação a outros modelos (caso da Yamaha DT 50 LC, por exemplo), mas nunca dificultando a condução a condutores mais baixos. A distância ao solo é mais que suficiente para a transposição de obstáculos mais dificeis.
Em terra o comportamento do conjunto é de bom nível. Os ensinamentos da competição são evidentes.
Bom comportamento.
Quanto ao equipamento, a Dakar conta com um painel de instrumentos um pouco pobre, mas que contudo nos fornece todas as informações necessárias, enquanto que os comandos são também de facil utilização e bem posicionados, destacando-se também pela sua simplicidade. O assento possui a quantidade de espuma necessária para um bom nível de conforto, mesmo com duas pessoas. Conforto que é bastante incrementado pelo comportamento das suspensões. À frente a forquilha Paioli cumpre de uma forma eficaz tanto em estrada como em terra, copiando de uma forma muito positiva as irregularidades do terreno e até saltos mais elevados. Atrás o conjunto mono-amortecedor a gás Paioli revelou ser também o ideal para compatibilizar com o peso e necessidades desta moto. Quanto a travões, o disco à frente mostrou ser de igual modo muito positivo apesar do seu accionamento ser um pouco duro e um tanto brusco no início da "mordente". Atrás o tambor permite uma travagem progressiva, e mesmo em situações mais abusivas, apesar de não ser muito estanque à infiltração da àgua. A Geometria da coluna de direcção permite-nos atacar com alguma rapidez a entrada em curvas de terra mais apertadas, mas o desempenho nesta situação não é totalmente de 100% dado o desenho e tipo dos pneus empregues.
O já conhecido Minarelli P6R com caixa de seis velocidades e arrefecimento por ar é o principal trunfo da "nova Dakar".
A forquilha Paioli mostra ser a ideal para este tipo de moto. O travão é um pouco duro e brusco, mas eficiente.
O velho e conhecido Minarelli.
Resta-nos apenas fazer a apreciação do motor. A versão do Minarelli que equipa a Dakar Junior, é como na troféu, o já conhecido e dominante P6R. Conhecido pela sua vivacidade na subida de rotação, e pelo seu carácter um pouco explosivo, também na Dakar o motor continua a mostrar estes trunfos. Bastante facil de levar, com boa disponibilidade a baixa rotação, não sendo necessário utilizar abusivamente a embraiagem a não ser em situações do tipo trialeiras, o Minarelli sobe muito bem de rotação, atingindo a red-line de uma forma muito rápida e enérgica. "Energia" esta muito beneficiada pela caixa de seis velocidades que apesar dos falsos pontos mortos, e que por certo deixarão de existir após um conhecimento mais aprofundado da moto, permite-nos aproveitar da melhor forma a disponibilidade e entrega do motor, especialmente em pisos de terra. Em resumo, a Dakar continua como anteriormente, igual a si própria e disposta a percorrer ainda muitos trilhos e estradas por mais alguns anos.
No painel de instrumentos falta um conta rotações. É simples e de facil leitura.
O novo Porta-farol e óptica fazem a diferença na Junior, tornando a moto ainda mais atraente.
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