Macal na frente.

Comparativo Macal 80 versus KTM 80

Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motojornal dos anos 80. O texto e as fotos são da responsabilidade de Gabriel Penedo

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Ao iniciarmos uma série de comparativos com as motos participantes no Campeonato Nacional de Enduro teriamos de deparar com algumas disparidades. A classe de 80cc era uma delas.

Todos sabemos que as 80cc têm sido dominadas pelas Macal com motor Minarelli. E só desde há dois anos para cá um piloto se propôs a fazer frente à marca de Águeda usando para o efeito uma KTM. Eis o confronto desta máquina com a moto pilotada por Rui Lemos, lider da classificação deste ano e potencial campeão da classe para este ano.

 

 

Muitos interessados pelo Enduro têm inquirido sobre a finalidade da classe de 80cc. Sem as marcas nacionais de nome bem conhecido como a Casal, SIS-Sachs, Famel, Fundador e outras, só a Macal tem participado ano após ano. E os títulos, època após època, ficam em seu poder. Há quem apelide a classe de 80cc de troféu Macal. Todas as motos participantes são da fábrica de Águeda. Entre os quatro ou cinco pilotos que alinham regularmente existe sempre um que, pelos seus dotes e resultados obtidos, acaba por chamar as atenções sendo então o piloto que mais inovações recebe na sua máquina na tentativa de transformar a Macal 80 num verdadeiro cavalo de batalha. Nos ultimos anos tivemos oportunidade de ver nascer dois talentos com essas máquinas. Oriundos da classe de 50cc, também ela dominada pelas Macal até ao seu desaparecimento, Jorge Silva sagrou-se campeão nacional aos comandos de uma Macal. Agora, corre o seu segundo ano em 125cc tendo conquistado no primeiro um título e no segundo, este ano, para lá caminha.

 

Aspecto do motor Minarelli visto do lado esquerdo e o selector de caixa.

 

Diferente a  disposição do escape no motor da KTM.

 

Vistos do lado direito, ambos os motores. No da Macal podemos apreciar a forma do depósito que vai até ao Kick Starter

 

O da KTM em que se nota o escape bastante exposto.

 

Campeão de 80 no ano passado Rui Lemos é o segundo talento moldado na "escola Macal". Este ano tem o título no bolso. Escolhemos a sua moto para este comparativo por ser a mais interessante do lote de máquinas Macal e fizemos o seu confronto com a séria opositora que foi a KTM desde o seu aparecimento, em 1987, pela mão de Rui Costa. Este piloto da Figueira da Foz pretendia participar nos Seis Dias de 1987 que se disputaram na Polónia. Por azar teve de abandonar logo após a partida devido a lesão. A sua KTM, modelo de cross, passou a ser usada então nas provas nacionais. Ocupou alguns lugares de interesse, chegou mesmo a ganhar provas. Depois começou uma série negra de desistências e até hoje tem permanecido no parque de motos do Enduro nacional sem resultados de vulto. A sua idade já não permite grandes folias mas ainda assim quisémos saber como se situava em relação à Macal. Na realidade é um pouco inferior no conjunto mas também concluimos que o piloto pode fazer melhor com a máquina de que dispõe. Os comparativos são destas coisas...

 

Rui Costa por trás da Macal Minarelli ( à esquerda) e Rui Lemos por trás da KTM que acolheram com entusiasmo a ideia do comparativo.

 

Apresentação

 

Entre a Macal e a KTM existem três anos de diferença. A primeira é actualizada regularmente enquanto a segunda data de 1987. Ainda para mais é um modelo de cross adaptado à prática do Enduro.

Na Macal os plásticos de cor branca contrastam com o banco azul, as mesmas cores usadas pela KTM até ao final de 1988.

A máquina portuguesa possui motor Minarelli (MR6/80RG) monocilíndrico a dois tempos com cilindrada de 79,6cc e debita entre 18,5 e 22cv respectivamente às 12200 e 12900rpm. Possui refrigeração por àgua e ar. A potência é transmitida à roda pela transmissão primária com dentes direitos, embraiagem multi disco em banho de óleo, caixa de seis velocidades e transmissão final por corrente.

A admissão do motor é feita de forma convencional ou por lâminas conforme se preferir.

Quanto à montagem temos um quadro monotrave desdobrado junto ao escape, em cromomolibdénio e traseira em aluminio desmontável. Na frente está acoplada uma suspensão invertida  Marzocchi de quarenta milimetros de diâmetro e com curso de trezentos e setenta milimetros, enquanto na traseira encontramos um monoamortecedor SHP com curso de trezentos e setenta e cinco milimetros. Jantes Akront e pneus Michelin são opção da Macal que possui travão de disco na frente com duzentos milimetros de diâmetro e bomba Grimeca de dois embolos.

Pela KTM encontramos um motor monocilindrico a dois tempos de 78,12cc que debita 23,5 HP às 11500 rpm. Admissão por lãminas e refrigeração liquida para este motor cuja potência é transmitida à roda por embraiagem multidisco e caixa de seis velocidades.

Possui quadro monotrave desmontável na traseira para melhor acesso ao monoamortecedor White Power com curso de trezentos e cinquenta milimetros.

Na frente uma suspensão KTM convencional com curso de duzentos e quarenta milimetros.

 

Travão de disco na frente,  mas apenas suspensão invertida para a Macal (em cima).

 

 

 

 

Travão de Tambor na traseira para ambas as máquinas que não merecem grandes elogios por parte do dois pilotos.

 

 

 

Confronto

 

O aspecto estético é superior na Macal, ou não fosse um modelo mais recente. O mesmo se aplica quanto a equipamento e a peso já que a Macal pesa oitenta e oito quilos enquanto a KTM passa a barreira dos noventa. Como consequência as máquinas têm diferente maneabilidade tanto em saltos como no solo. Ambos os pilotos preferiram a sua posição de condução se bem que o banco da Macal seja mais alto. O seu motor vence nos vários regimes do motor mas em alta está em igualdade com o produto austriaco. Nos travões o desempenho é diverso entre as marcas. Rui Lemos gostou mais dos dianteiros tal como Rui Costa. Os traseiros mereceram da parte de ambos fraca nota. No somatório ambas se equivalem, tanto à frente como atrás.

Nas suspensões a Macal vence devido à excelente Marzocchi invertida mas quanto ao monoamortecedor traseiro vence a KTM. Dessa forma em saltos, a KTM vence no amortecimento mas já perde em maneabilidade no ar devido ao peso. De uma forma geral a Macal está na frente tanto em circuitos rápidos como lentos e em zonas de maior dificuldade o motor tem possibilidade de sair de qualquer situação.

 

Rui Costa deu a vitória à Macal em todos os tipos de saltos. A suspensão amorteceu sempre bem.

 

Para Rui Lemos também considerou a sua máquina superior  tanto para a suspensão dianteira como traseira.

 

 
Ficha técnica Macal Minarelli KTM 80
   
Motor Tipo: Monocilindrico a dois tempos  Tipo: Monocilindrico a dois tempos
com refrigeração por liquido e ar, com  com refrigeração liquida com admissão por
admissão por lâminas lâminas
Diametro x curso: 48x44mm Diâmetro x curso: 46,5 x 46mm
Cilindrada: 79,6cc Cilindrada: 78,12cc
Carburador: Dell Orto PHBH-30 ES Carburador: Dell Orto PHSB 35
   
Transmissão Primária: por engrenagens de dentes direitos Primária: por engrenagens
Caixa: 6 velocidades Caixa: 6 velocidades
Embraiagem:  multidisco em banho de óleo Embraiagem: multidisco
Final: por corrente Final: por corrente
   
Montagem Quadro: monotrave desdobrado com secção Quadro: monotrave com secção
posterior desmontável posterior desmontável
Suspensão dianteira: Marzocchi invertida, Suspensão dianteira: Forquilha KTM 
40mm, curso 370mm com curso de 240mm
Suspensão traseira: monoamortecedor SHP Suspensão traseira: monoamortecedor
com curso de de 375mm White Power com curso de 250mm
Travão dianteiro: disco com bomba Grimeca Travão dianteiro: disco com dois êmbolos
de dois êmbolos  
Travão traseiro: Tambor Travão traseiro: Tambor
   
Dimensões Distância entre eixos: 1410mm Distância entre eixos: 1220mm
Altura do banco: 945mm Altura do banco: 800mm
Reservatório: 8,5 litros Reservatório: 5 litros
Peso: 88 kg Altura ao solo: 340mm