Marcadamente Italiana.

Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motojornal dos anos 90. O texto é da responsabilidade de Gabriel Penedo  e as fotos de Jorge Morgado.

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Com uma nova versão da GPR50, a MVM pretende conquistar o mercado internacional. Para tanto adoptou vários elementos de qualidade reconhecida para esta  sua produção. Todos eles de origem italiana, desde o motor à iluminação, dão um toque de qualidade em relação ao anterior modelo por nós experimentado no início deste ano. O modelo que hoje apresentamos aos nossos leitores é marcadamente italiano.

 

 

Domingo,  dia 29. Acabo de chegar do norte do país onde realizei dois trabalhos que serão publicados em breve. Foi uma viagem confortável aos comandos de uma BMW K 100LT. Com música e tudo. No dia seguinte, logo pela manhã, à porta da redacção da Motojornal, estava uma MVM GPR50. Destinava-se a um teste, este.

Não é facil passar de uma máquina de 1000cc para outra de 50cc, precisamente no lado contrário da escala. Tudo é diferente. Mas encarei com optimismo a situação.

 

Inovar.

 

Numa primeira apreciação estática foi possível observar algumas diferenças em relação ao modelo por nós experimentado em Fevereiro deste ano (Motojornal nº64).A carenagem (de 3 peças), as tampas laterais e o guarda-lamas são agora em plástico, em vez de fibra de vidro.

O próprio ecrã de carenagem é mais baixo, a carenagem mais estreita e envolvente conferindo nova imagem à GPR. Algumas pessoas inquiriram sobre a cilindrada desta máquina. Assim, parada, sem o motor em funcionamento, ilude pela sua roupa que esconde por completo a mecânica. Tendo em conta que se trata de um exemplar da produção actualmente comercializada, notamos uma pequena falha no acerto da tampa lateral direita. Poderá ter sido apenas neste exemplar mas o facto é que existe.

O painel de instrumentos da marca italiana CEV possui todas as informações necessárias para a condução desta 50cc. Dividido em dois quadrantes temos do lado esquerdo o velocímetro graduado até aos 150km/h, o conta quilómetros (totalizador e parcial) e as luzes avisadoras de mudança, de direcção, máximos, neutro e óleo.

 

 

O quadro tipo Deltabox que equipa a MVM é um dos seus trunfos. No seu seio, o motor Fantic de 50cc. Ainda visível o monoamortecedor traseiro.

 

À direita encotramos o conta-rotações com "red-line" a partir das 8000rpm e o indicador de temperatura do motor.

Os comandos da marca Domino estão distribuidos por ambos os punhos. No esquerdo encontramos os comandos de "choke", máximos (fixo e "passing"), buzina e luzes de mudança de direcção. No punho direito apenas o botão de arranque eléctrico que denota o tipo de público a atingir com este modelo.

Ao contrário do modelo de pré-produção o canhão da chave de ignição aparece numa placa negra que cobre a coluna de direcção. Neste canhão existe não só o tranca-direcção (roda para a direita) como o comando para desligar o motor (único, uma vez não existir corta-circuitos) e o de luzes (fica em médios). Ainda na frente, os espelhos retrovisores possuem posição revista mas continuam a mostrar pouco do que se passa atrás.

 

 

Depósito de Lubrificante por baixo do assento.

 

Metade da sua superficie é ocupada com os braços do condutor. O depósito de 18 litros (menos 2 que na anterior versão) também é construido em material plástico e possui forma idêntica. Mas agora possui novo tampão com chave incorporada e com forma mais cuidada. O banco que possibilita o transporte de duas pessoas possui o fecho na sua extremidade traseira, e acciondo, podemos ter acesso ao depósito de lubrificante. E a propósito de fecho, menção para o transporte de capacete no poisa-pés esquerdo do pendura. Todos os elementos ópticos são de boa qualidade e de origem italiana.

 

 

Depósito de líquido do radiador, no flanco esquerdo da MVM.

 

Quanto a suspensões temos na frente uma Foral de 30mm de diâmetro com curso de 120mm e atrás um monoamortecedor Sebac com curso de 250mm.

Também oriundos do país transalpinos são as jantes brancas Grimeca de três raios com 16 polegadas e os travões de disco, da mesma marca, de 220mm cada, com accionamento hidráulico.

Em relação ao motor, a unidade Fantic de 49,65cc com um diâmetro de 38,8mm e um curso de 42mm debita a potência máxima de 7,5cv às 8500rpm valores razoáveis tendo em consideração a faixa de mercado que esta moto pretende atingir. A alimentar o motor temos um Dell Orto PHB 20AS sendo a admissão separada ou seja através de uma bomba de óleo. A caixa de velocidades dispõe de 6 velocidades e a embraiagem utiliza discos múltiplos em banho de óleo.

Para colocar a GPR em movimento podemos optar pelo motor de arranque ou pelo habitual "Kick". O primeiro é um equipamento pouco habitual na faixa das 50cc mas que serve perfeitamente os objectivos da MVM em termos de inserir esta moto dentro de um determinado segmento de mercado. Quanto ao habitual "Kick", este denota alguns problemas. Situado do lado direito do motor requere alguma habilidade na sua utilização afim de evitar quebrar a carenagem, um pormenor que poderá perfeitamente ser revisto.

Tendo tido a oportunidade de conduzir a GPR por vários tipos de pisos e passada a fase inicial, destinada a fazer quilómetros pois o modelo que nos foi entregue tinha percorrido escassos kilómetros, pudemos apreciar as verdadeiras qualidades desta moto.

 

 

Em cima, o motor Fantic de 50cc que equipa a MVM GPR 50 e que debita 7.5cv às 8500rpm.

 

Trata-se de uma moto segura, óptima para deslocações curtas onde não seja necessário exigir do motor esforços superiores aos de uma 50cc. Largamente sobredimensionadas no que diz respeito ao quadro, travões e suspensão, estes orgãos mecânicos formam um conjunto que de modo global proporciona uma boa segurança.

A nível de estabilidade, a marca de Anadia equipou este modelo com jantes de 16 polegadas que assim compensam a grande distância entre eixos. Isto, mais o facto de a coluna de direcção ter um valor demasiado elevado asseguram uma excelente estabilidade à GPR sem que exista perca de maneabilidade.

 

 

Pormenor do quadro e da localização da torneira de combustível.

 

Em termos de performances o motor Fantic demonstra uma excelente linearidade em termos de faixa de utilização, algo a que não deve ser estranho o facto da admissão se processar através de lamelas, uma opção técnica nem sempre utilizada pelos construtores nacionais. No fundo, esta é uma das características que mais impressiona se pensarmos que este é um modelo fabricado no nosso país que, assim, deixa a concorrência nacional a milhas de distância, vindo a equiparar-se aos modelos estrangeiros.

Em relação à condução noturna, os 40/45W da óptica dianteira mostraram-se fracos sendo de destacar que o facto da MVM dispôr de bateria volta a distanciála dos restantes modelos de produção nacional que teimam na ausência de bateria.

 

 

Panorãmica geral do quadro e de mais orgãos mecânicos.

 

Conclusão:

 

Iniciada a produção em série e após algumas alterações entretanto introduzidas em relação ao modelo a que há alguns meses tivémos acesso, não podemos deixar de constatar que houve alguns pormenores entretanto rectificados se bem que em alguns casos os resultados sejam duvidosos.

Um dos erros que na altura constatámos prende-se coma qualidade dos acabamentos e ao pagar entre 300 a 400 contos por uma moto, serão poucos os que gostariam de apreciar certos defeitos como os que este modelo apresentou. Em especial nas zonas de junção da carenagem mais exactamente a tampa do lado direito, onde era notória a existência ou de um erro de fabrico ou de concepção.

De resto as prestações do seu motor, os baixos consumos verificados, perto de três litros, a maneabilidade e segurança evidenciadas, o nível de equipamento, excelente painel de instrumentos, são trunfos que podem dar algumas hipóteses de vitória à firma de Anadia quando em competição com os modelos japoneses e italianos. Porque em relação aos modelos nacionais esta já é uma hipótese que não se coloca. A MVM GPR 50 está " anos-luz" na frente das suas concorrentes nacionais. Parabéns MVM.

 

 

Pormenor dos instrumentos e carenagem frontal.

 

Ficha Técnica
Motor
Tipo - Monocilíndrico a  2 tempos refrigeração liquida 
regulada por termostato
Alimentação: Dell Orto PHB 20AS
Diametro X Curso - 38,8 X 42mm
Cilindrada- 49.65cc
Taxa de compressão - 13,4:1
Arranque- Eléctrico e Kick
Lubrificação - Separada por bomba de óleo.
Ignição- Electrónica
Transmissão
Primária - por engrenagens 
Embraiagem- multidisco em banho de óleo
Caixa- 6 velocidades
Secundária - Por corrente
Montagem
Quadro - Dupla trave portante com duplo berço,
de secção rectangular em aço cromomolibdénio
Suspensões
 Dianteira- Forquilha telescópica Foral 30mm, curso de
120mm
 Traseira- Sistema monoamortecedor 
Sebac, curso de 250mm
Travões
 Dianteiro- Disco hidráulico Grimeca de 220mm
 Traseiro- Disco hidráulico Grimeca de 220mm
Pneus
 Dianteiro - Roda Grimeca de 3 braços  1,60 X 16
Traseiro - Roda Grimeca de 3 braços  1,85 X 16
Pneu dianteiro- Veeruber semi-triangular, 80 X 80 X 16
Pneu traseiro- Veeruber semi-triangular, 80 X 80 X 16
Dimensões 
Distância entre eixos-  1320mm
Comprimento máximo- 2020mm
Largura máxima- 760mm
Altura máxima- 1,118mm
Peso ( a seco)- 89kg
Capacidade do depósito de combustível- 18L
Capacidade do depósito de óleo- 1L
Observações
Preço- 375 mil escudos
Construtor: MVM, Indústria e design de veículos, Lda: Poutena
Appt: 1; 3780 Anadia: Portugal, Telef: 031-95532/33
Fax: 031- 95697

 

 

Destaque para a ciclística desta Portuguesa de inspiração ( e não só) Italiana.