"Divagar" se vai ao longe.

Esta reportagem foi integralmente retirada de uma revista Motojornal dos anos 90. O texto é da responsabilidade de Fernando Pedrinho Martins e as fotos de Photo Course.

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A Diva viu a sua gama revista  e aumentada. A anterior versão deu lugar a duas novas propostas, uma totalmente carenada, a SP, e uma versão "Naked Bike", substancialmente mais barata.

Num continuo esforço de actualização e busca de competitividade para os seus produtos, a indústria portuguesa não se poupa a esforços para lograr atingir os seus objectivos, embora haja ainda um longo caminho a percorrer.

 

 

A originalidade é o ponto forte da SP mas existe o reverso da medalha: gera alguma polémica, reforçada pela sua cor "triste".

 

Continuando a lutar mais pela sobrevivência do que pela afirmação ou conquista de mercado, os construtores nacionais têm vindo a apresentar, embora esporadicamente, algumas novidades, das quais um bom exemplo é a nova gama de modelos S.I.S. Diva.

Rompendo com a tradição de recorrer a motorizações alemãs da Sachs, a marca de Anadia virou-se para Itália, para o colosso Cagiva- representada em Portugal pela Motozax, uma das empresas do grupo- optando pelo moderno propulsor que equipa de origem a Cagiva Cocis.

Dos novos modelos, surge uma nova versão sem carenagem e  uma outra "full fairing", que desta forma substituem a primeira versão que dispunha apenas de uma semi-carenagem.

 

Estilos diferentes.

 

A Diva SP é a mais ambiciosa, mas simultaneamente a mais polémica. A estética é, sem dúvida, original, assemelhando-se à não menos polémica Gilera CX. A parte dianteira apresenta um perfil adunco, fazendo lembrar o focinho de um tamanduá, com o farol integrado e uma pelicula de plexiglass a separá-lo do exterior. As opiniões de quem viu esta moto forma as mais diversas e houve desde os que gostaram muito até os que detestaram. No entanto a SP é uma moto diferente e chama a atenção por causa disso mesmo. A parte mais desfavorável talvez esteja na traseira, onde as formas demasiado angulosas e "quadradonas" se integram mal no andamento mais arredondado da parte dianteira.

A decoração com base no preto e logotipos a encarnado, é algo triste e pouco conseguida, já para não falar na má qualidade dos autocolantes.

A versão "Naked- bike" é, quanto a nós, a mais bem conseguida pela sua simplicidade e beleza das suas linhas. Sem qualquer tipo de pretenciosismo, esta moto agrada por isso mesmo, e aqui os estilistas da S.I.S. estão de parabéns. Pintada numa cor mais alegre, encarnado, o destaque vai para o aspecto de moto japonesa conseguindo com a boa arrumação de todos os componentes, com realce para a chapa aparafusada ao quadro e que dá a ideia de se tratar de um dupla trave, um esquema utilizado pela Suzuki com a Wolf 50.

 

 

Em termos dinâmicos o seu comportamento é semelhante, sendo a diferença ditada pela má escolha de pneus para a versão descarnada

 

Equipamento variado.

 

A SP é a mais bem equipada apresentando um travão de disco na roda traseira e um melhor equipamento pneumático, mas ambas possuem arranque eléctrico. Por outro lado, também a sua instrumentação é mais completa, com destaque para o enorme conta-rotações disposto em posição central, substituido incompreensivelmente, na versão "naked bike" por um termómetro de água. No entanto, há possibilidade de montar um conta rotações (onde?) pois a saída para o cabo não foi retirada e poderá ser aproveitada.

Ao nível da instrumentação, a informação é bastante completa na SP, muito embora a qualidade das luzes indicadoras seja muito má, pois parece que se limitaram a colocar um bocado de plástico sobre as diferentes luzes. Na prática, as luzes são muito intensas quando se circula de noite, interferindo na visão do condutor. Na Diva sem carenagem este problema não se coloca, pois aqui foram montadas pequenos circulos de plástico, como é habitual encontrar noutros modelos.

A qualidade dos acabamentos surge em plano bastante razoável mas como atrás referimos, os autocolantes da SP poderão ser melhorados.

 

Primeiras impressões

 

A posição de condução da SP é mais desportiva, com o condutor a adoptar uma postura ligeiramente mais inclinada para diante e os braços mais flectidos, enquanto  na outra versão o tronco fica mais direito e os braços mais esticados. Na primeira, nota-se que esta postura carrega muito peso nos ante-braços e punhos, o que se torna algo desconfortável em pisos mais irregulares, tão frequentes nas estradas do nosso país, e em tiradas mais longas.

O assento oferece um bom nível de conforto, quer para o passageiro quer para o condutor e em boa parte ajuda a amortecer a tortura inflingida pelas duras suspensões, além disso, oferece espaço suficiente para os dois.

A instrumentação é facilmente legível, embora de noite o ponteiro do conta-rotações da SP "desapareça" e as luzes indicadoras exibam o problema que atrás mencionámos. Por outro lado, ainda não percebemos a razão da existência de uma luz avisadora de utilização do travão traseiro?!

Os comandos estão longe de agradar pois a sua disposição não é a mais correcta. Se no avanço direito não há nada a assinalar, o polegar apenas se ocupa do arranque eléctrico na fase de colocação em funcionamento do motor (apenas na SP), na esquerda há a destacar a dificuldade de accionamento dos piscas e do comutador de máximos que muitas vezes obriga a "apalpar" terreno para ver onde se encontram os referidos comutadores. O corta- circuitos funciona por pressão, em lugar do habitual interruptor. De origem está montado um comando para enriquecer a mistura, mas este não funciona, sendo esta missão entregue a uma patilha ligada ao corpo do carburador. No que toca aos comandos a Diva descarnada difere da SP: no punho direito não existe qualquer comando, enquanto no esquerdo se reunem a buzina, comutador de luzes, arranque eléctrico e piscas.

Na SP um ponto positivo diz respeito à integração no canhão de ignição da tranca da mesma e do interruptor de luzes, que para ser accionado apenas é necessário rodar a chave no sentido horário, enquanto que na "naked" nem sequer existe tranca de direcção.

 

 

Linhas bastante simples e actuais que decerto vão agradar a toda a gente, caracterizam esta versão.

 

Motor.

 

Ambas as versões utilizam o mesmo motor que deriva da Cagiva Cocis, embora este tenha recebido algumas alterações em relação á versão original. Este é um moderno propulsor que aos poucos tem vindo a dar provas de uma grande fiabilidade, algo que até aqui não era apanágio da maior parte das mecanicas italianas.

Os seus argumentos são convincentes e em nada diminuem a Diva face à concorrêcia. Assim, o monocilíndrico a dois tempos arrefecido por água apresenta também lubrificação separada e admissão controlada por lamelas. Apresentando um curso superior ao  diâmetro, 44mm contra 38mm, a cilindrada atinge 49,9cc e a potência declarada para este propulsor de origem Cagiva é de 6,4cv/8100rpm, cifra que na prática parece não corresponder à realidade, como adiante veremos.

A maior novidade diz respeito à troca do carburador original de 14mm, que equipava a Cocis, por um Dell'Orto PHBH20, que trouxe a este motor uma nova alma nos regimes mais altos.

A caixa, de seis velocidades, apresenta um bom escalonamento, exceptuando-se o espaçamento entre a primeira e a segunda que é muito grande.

O arranque é eléctrico, embora também se possa fazer por intermédio de um pedal colocado do lado direito.

 

 

 

Ciclística.

 

O quadro é um duplo berço conío em tubo de aço de secção quadrada, embora na versão sem carenagem a colocação de duas chapas dê a impressão de se tratar de um dupla trave.

No capitulo das suspensões a marca recorreu à Sabec para equipar as Diva, na frente com uma forquilha telescópica e atrás com um sistema monoamortecedor de acção directa.

Para travar estas duas versões, recorreu-se, em ambos os casos, a um travão de disco na roda dianteira, com pinça de pistões contrapostos, enquanto atrás na SP encontramos, também, um travão de disco que é substituído por um tambor na versão desprovida de carenagem.

No capítulo do equipamento pneumático, a SP surge equipada com Michelin 2,75 x 16, na frente, e 3,25 x 16, atrás, mas o mesmo já não acontece na "Naked" onde os Michelin dão lugar a uns duvidosos Viking Meteor 2,75 x 16, em ambas as rodas e de perfil que inspira pouca confiança.

 

 

    Pormenores  
       
  Diva SP   Diva "Naked Bike"
       
Espelhos Mostram os ombros do condutor e revelam   Possui apenas um, do lado esquerdo, 
  alguma fragilidade   eficiente quanto baste, apesar de estar 
      posicionado muito junto ao punho, 
      mostrando parte do braço do condutor
       
Torneira gasolina 2 posições (on/off) embutidas na carenagem   Embutida na placa lateral, apesar de 
      possuir 3 posições (On/ Off/ Reserva) no
      modelo testado a posição "On" não deixava
      passar gasolina.
       
Instrumentação Conta- rotações em posição central    Velocímetro colocado em posição central
  graduado até 12.000rpm, faixa vermelha c/   graduado até 140 km/h, termómetro de 
  inicio às 9000rpm; velocímetro com    água. Luzes avisadoras: indicadores de
  totalizador graduado até 140km/h situado   mudança de direcção, máximos, ponto
  do lado esquerdo. Luzes avisadoras: luzes,   morto e reserva do autolube
  ponto morto, máximos, reserva da gasolina,    
  reserva do autolube, accionamento do travão    
  traseiro    
       
Comandos Lado direito: arranque eléctrico; Lado    O modelo descarnado não possui qualquer
  esquerdo: buzina, comutador, piscas;    comando no avanço direito. No lado 
  comutador máximos, corta corrente,    esquerdo encontramos: comutadores de 
  comutador de luzes na ignição   piscas, máximos, arranque eléctrico, 
      buzina
       
Tranca  No canhão da direcção, rodando a chave    Não tem
de direcção  para o lado esquerdo    
       
Descanso Lateral, deixa a moto numa posição   Idem
  demasiado vertical    
       
Arranque Eléctrico ou por pedal, apenas com a caixa   Idem
  de velocidades em ponto morto. Motor pega    
  a primeira    
       
Assento Confortável e espaçoso, ajuda a superar   Idem
  as falhas de suspensão    
       
Acessibilidade  Bateria, fusiveis e ferramentas emcontram-se   Idem para a bateria, fusíveis e 
Mecânica sob o assento que se desmonta    ferramentas. O resto está tudo à mão
  desapertando uma porca de orelhas. O     
  acesso ao carburador é directo, mas para     
  atingirmos o motor há que retirar os painies    
  da carenagem.    
       
Iluminação Fraca,regulação do foco problemática   Ligeiramente melhor, talvez devido à
      melhor regulação
       

 

A hora da verdade

 

É chegada a hora da verdade, de ir para a estrada e ver o que valem estas duas versões de um modelo que é dos mais recentes da indústria nacional.

O motor entra em funcionamento à primeira, com grande facilidade, mesmo depois de um longo periodo sem funcionar. De pronto nos apercebemos do ruído estridente, tão característico das motorizações italianas e que em regimes mais elevados chega mesmo a incomodar.

O nível de vibrações é reduzido, notando-se apenas alguma vibração de elevada frequência nos regimes mais elevados, mas cuja intensidade não é suficiente para incomodar o condutor.

 

 

O motor da Diva é ja vosso conhecido, pois é o que equipa a Cagiva Cocis, diferindo apenas do carburador utilizado, um Dell'Orto PHBG 20, que não alterou significativamente o seu comportamento pontudo.

 

 

O carácter deste motor é muito pontudo e algo enigmático. Logo após os primeiros quilómetros se nota que a relação final é extremamente curta, basta atentar nas dimensões da roda de coroa. O pequeno e compacto monocilíndrico revela três dases distintas de comportamento: abaixo das 7500rpm mostra-se amorfo, sem qualquer reacção, passando a responder com maior vivacidade, como que acordando da sua letargia e "explodindo" quando a agulha do conta-rotações atinge as 9000rpm, início da faixa vermelha, sendo capaz de fazer rotação até ás 12000rpm, em sexta e em recta! Em termos práticos, a faixa em que o motor melhor se exprime encontra-se dentro da faixa vermelha, isto quer dizer que se queremos andar depressa teremos de fazer o motor sofrer, com consequências que a longo prazo poderão não ser as melhores.

 

 

Os intrumentos da Diva descarnada resumem-se ao essecial, embora o termómetro da àgua pudesse ser substituído por um útil conta-rotações

 

 

Por estranho que possa parecer quanto mais elevado é o regime mais vontade em fazer rotação parece demonstrar, a tal ponto que às 11500rpm o nível de vibrações diminui consideravelmente.

A solução poderá estar no alongamento da relação final,  mas aí o fosso entre primeira e segunda será ainda maior, obrigando a uma maior utilização da embraiagem, e à mais pequena inclinação do terreno seremos obrigados a passar caixa. O motor é de facto pontudo e nem mesmo com a montagem de um carburador maior o seu carácter se modificou, necessitando de um trabalho mais  aturado ao nível dos diagramas de distribuição e ao nível do escape e da admissão.

A caixa revelou-se bem escalonada em ambos os modelos, embora haja a assinalar o excessivo espaçamento entre a primeira e a segunda e o falso ponto morto existente entre a quinta e a sexta, particularmente evidente na versão desprovida de carenagem.

A embraiagem, por cabo é dura, embora a sua resistência à fadiga seja espantosa, mesmo depois de sujeita a uma utilização abusiva.

 

 

...Ao contrário da SP, bastante completa neste aspecto pecando apenas pela intensidade das luzes avisadoras que podem chegar a incomodar.

 

Comportamento.

 

A SP oferece uma razoável protecção aerodinâmica ao seu condutor o que, obviamente, não acontece com a "naked". Onde dá mais gozo guiar estas motos, principalmente a SP, é em estradas sinuosas com curvas encadeadas, onde a utilização da caixa é uma constante e o bom comportamento da ciclística permitem algumas brincadeiras, ganhando terreno para a versão "naked" apenas por esta não possuir pneus à altura da sua ciclística, já que quadros e suspensões são iguais.

As suspensões, ou não fosse uma moto nacional, são muito duras e pouco progressivas, dando um tratamento aos antebraços e punhos em mau piso dignos de rolo de massa.

A travagem é o ponto mais forte da SP, tendo os dois discos revelado potência e uma fantástica progressividade, o que não sucede na outra versão pois o tambor traseiro é ineficaz e o dianteiro, na nossa moto de ensaio, foi afectado por uma fuga de óleo numa das tubagens.

Esta moto sofre ainda da reduzida secção dos seus pneus e do mau perfil dos mesmos, o que se traduz por uma maior insegurança em curva, o que já permite à SP afastar-se, como já foi referido. Em ambos os casos, o comportamento do equipamento pneumático em estrada molhada foi deplorável e nestas  vale mais não sair de casa. Uma boa mudança seria a adopção dos pneus da SP na versão descarnada, o que sem dúvida aumentaria a eficácia em curva.

Ambas as motos são extremamente ligeiras e muito maneáveis, o que se paga com uma grande instabilidade ao vento lateral, particularmente na SP, mas a rapidez com que estas motos se despacham de curvas mais apertadas é invejável.

 

 

As concorrentes
Marca\ Modelo cilindrada nº tempos nº cilindros refrigeração Potência máx. cx. Velocidades travões (F\T) Peso (kg) Arranque Preço
                     
SIS Cagiva Diva SP 49,9 2 1 liq 6,4cv ás 8100rpm 6 D \D 80 P\E 497250$
Aprilia AF1 50 Sintesi RE 49,6 2 1 liq 8,16 cv às 9500 rpm 6 D\ D 85 P 499000$
Aprilia AF1 50 Futura 49,6 2 1 liq 8,16 cv às 9500 rpm   D\ D 85 P 519000$
Cagiva Prima 50 49,9 2 1 liq N.D 6 D\ D N.D N.D 478350$
Famel Feeling 49,9 2 1 liq 6,8CV às 8800rpm 5 D\T 89 P 313500$
Fundador K600 Fera 49,9 2 1 liq 7,5cv às 9000rpm 6 D\T N.D P 397600$
Honda NSR 50 R 49 2 1 liq 7cv às 8500rpm 6 D\T 92 P 420000$
MVM GPR 50 49 2 1 liq 7,5CV às 8500rpm 6 D\T 99 P\E 375000$
Yamaha TZR 50 49 2 1 liq N.D 6 D\D N.D P 419900$
SIS Sachs GP1 50 SW 49 2 1 liq N.D 6 D\T 80 P 330750$
SIS Cagiva Diva 49 2 1 liq 6,4cv às 8100rpm 6 D\T 80 P\E 397800$
Aprilia Europa 50 49,6 2 1 liq 8cv às 9500rpm 6 D\D 81 P 456000$
Casal RZ50 49,9 2 1 liq 7,3cv às 8500rpm 6 D\T 83 P 225740$
Honda NSR 50 F 49 2 1 liq 7cv às 8500rpm 6 D\T 102 P 390000$
Suzuki Wolf 50 49 2 1 liq 7,5cv às 10000rpm 6 D\T 100 P 349800$
Yamaha RZ 50 LC 49 2 1 liq 7,6cv 6 D\T 75 P 352000$

 

Prestações.

 

Graças ao seu menor peso, a "nake bike" é mais rápida nas acelerações deixando a SP para trás. No capítulo da velocidade máxima a SP é cerca de um a dois km\h mais rápida, devido à sua melhor aerodinâmica, e nalguns casos chegámos a rodar bem perto dos 110km/h (120km/h no velocimetro). Como termo comparativo, podemos adiantar que uma Yamaha RZ 50 LC, por exemplo, é ligeiramente mais veloz em velocidade de ponta, mas que uma Honda NSR ou uma Yamaha TZR 50 já fazem jogo igual com estas duas Diva.

As "reprises" são decepcionantes, mesmo para uma cinquenta, pois o motor é bastante pontudo e abaixo das 7000 parece "desligar" de tudo o que se passa no mundo real. A vantagem vai para a "Naked" pois é mais leve.

No tocante a consumos, a média em estrada situou-se na casa dos 3,5L/100km, para a SP, e em cidade ou com duas pessoas, atingimos os 4,0L/100, com esta nova versão, valores muito similares aos da outra versão, que se quedaram pelos 3,7L/100km. Isto significa que a sua autonomia varia entre uns impressionantes 525km e uns estonteantes 600km com apenas um depósito! Não se esqueçam que estes depósitos têm capacidade para 21 litros de gasolina super (98 octanas)- já estou a ver muitos proprietários de modelos "sete e meio" e "mil" roídos de inveja.

 

 

Apreciação global
  Diva SP   Diva Naked  
item nota comentário nota comentário
         
motor  3 Ávido por rotação, apenas se sente bem na faixa vermelha, onde existe um comportamento
    fantástico. No entanto é bastante pontudo.
         
caixa 4 Bem escalonada, exceptuando, exceptuando o fosso existente entre a primeira e a segunda.
    Muito precisa e facil de utilizar
         
embraiagem 4 Á prova de maus tratos; mesmo quando abusivamente solicitada jamais deu provas de 
    cansaço. É muito modulável, embora o seu comando seja algo rijo
         
estética 3 Gostos não se discutem,mas o seu maior 4 Por vezes a simplicidade é o melhor 
    trunfo é a originalidade. Pena que a    trunfo. Neste modelo sem carenagem
    decoração seja tão triste   merecia um bonito farol redondo
        e a traseira podia ser melhor estudada,
        é muito "quadrada". Ao contrário da SP,
        apenas disponível em preto esta é
        apresentada em três cores: vermelho,
        preto ou verde
         
comandos 2 Feios e mal estudados do ponto de vista ergonómico
         
instrumentação 4 Muito completa. Os mostradores são 3 Menos completa onde o grande 
    facilmente legíveis, o mesmo já não se    ausente é o conta-rotações, mas, em
    podendo dizer das luzes avisadoras,   contrapartida, as luzes avisadoras são
    devido à confusão cromática é à grande    mais discretas
    intensidade da luz    
         
acabamentos 3 As peças de plástico surgem bem  4 Talvez por possuir menor quantidade
    acabadas e encaixam muito bem umas    de plástico, a aparência de fragilidade
    nas outras. O conjunto parece   não está tão presente
    desagregar-se quando se passa em maus     
    pisos    
         
equipamento 4 Muito completo com duplo travão de  3 A grande diferença entre estas duas 
    disco, arranque eléctrico,pneus   motos situa-se nesta àrea: o travão
    Michelin e uma instrumentação em bom   de tambor traseiro é ineficiente, os
    plano   pneus não oferecem segurança, sendo 
        razoáveis em piso seco, mas bastante
        traiçoeiros em piso molhado. Ausência
        imperdoável de uma tranca de direcção
        em contrapartida a tampa do tanque de 
        gasolina tem chave e o travão dianteiro
        apesar de uma fuga de óleo no modelo
        testado, é suficiente para contrabalançar
         
suspensão 2 Cumpre o seu papel em bom piso mas, é incrivelmente dura e pouco progressiva em zonas mais
dianteira   degradadas, mas absorvendo minimamente as irregularidades
         
suspensão  2 O mesmo que se disse para a dianteira
traseira        
         
travagem 4 Potente e progressivo nunca nos colocou 3 Só perde para a SP devido ao tambor 
    em dificuldades   traseiro. De qualquer modo não 
        apanhamos nenhum "susto" pois o disco
        dianteiro, apesar da fuga mencionada
        (provavelmente devido a qualquer 
        defeito de montagem, pois estes foram 
        primeiros modelos a rodar em estrada)
        garantem a paragem sem problemas
         
passageiro 4 Tem espaço e algum conforto. Os poisa-pés e o assento transmitem algumas vibrações de alta 
    frequencia
         
preço 2 Elevado e pouco competitivo 3  Está mais equilibrado em relação à 
        concorrência, mas revela-se ainda um 
        pouco elevado considerando que é uma
        produção nacional
         
iluminação 2 Fraca, com ajustamento de foco de  3 Ligeiramente mais potente, 
    luz dificil   principalmente os máximos, podendo 
        ser regulado o foco de luz bastando para
        isso desapertar duas porcas
         
prestações 3 Velocidade máxima e distâncias de travagem em bom plano, o mesmo não se podendo dizer
    das reprizes
         
comportamento 3 Grande maneabilidade à custa de uma certa imprecisão a alta velocidade. Muito sensivel ao
    vento lateral e inguiável à chuva devido ao mau comportamento dos pneus. Muito divertida
    de guiar em zonas sinuosas e apertadas
         
conclusão 49 O único ponto que pode gerar alguma 50 Os construtores nacionais estão no bom 
    polémica é a estética. Agradável motor   caminho e esta é uma boa prova disso.
    e ciclística, pena que o preço seja um    Devido ao seu preço e à sua simplicidade
    pouco elevado   é preferível ao modelo SP. 
        Requerem-se alguns melhoramentos, 
        é uma boa opção em relação à 
        concorrência

 

 

 

Duas novas produções nacionais utilizando o mesmo propulsor e a mesma ciclística;  As diferenças situam-se na estética, equipamentos e preço.

 

 

Passageiro.

 

O passageiro dispõe de um assento espaçoso e minimamente confortável, mas é muito castigado em mau piso devido à dureza das suspensões.

Além disso, vibrações de alta frequência emanadas do motor afectam os seus poisa-pés assim como o assento. O passageiro possui ainda uma pega posicionada atrás do assento.

 

Preço.

 

Quinhentos contos é quanto custa a SP (497.250$00) o que pensamos ser muito dinheiro por esta moto, perfectível em vários aspectos.

Além disso, este é um preço pouco competitivo face à concorrência que por pouco mais oferece mais qualidade e um nível prestacional idêntico ou até superior.

Quanto à "naked bike", o preço é ligeiramente mais baixo, tendo em conta que possui menor equipamento e é desprovida de tantos plásticos como a SP, podendo ser adquirida por cerca de quatrocentos contos, 397.800$00, para ser mais preciso.

 

Conclusão.

 

A indústria nacional está no bom caminho e a pouco e pouco os seus produtos têm vindo a evoluir. Se o texto acima parecer algo castigador para estas duas Diva, gostariamos de adiantar que não foi esse o nosso objectivo e que apenas pretendemos indicar os pontos mais fracos de cada modelo numa perspectiva de futura correcção. Estas duas "deusas" são motos competitivas e bastante interessantes, mas apesar disso ainda há um longo caminho a percorrer, sobretudo no que diz respeito à obtenção de componentes de maior qualidade e de maior eficácia.

.A SP apresenta linhas originais que, por um lado, mostram que os construtores nacionais estão a trabalhar e a caminhar em boa direcção, por outro vem abrir um novo caminho que precisamente pela sua originalidade vai criar alguma polémica e dividir os gostos, enquanto a "naked bike" joga pelo seguro, com linhas que apesar de não trazerem nada de novo, agradam a toda a gente e até acompanham a onda de revivalismo que se vive neste momento no mundo das motos.

 

 

A favor  
 
Caixa
Embraiagem
Equipamento
Travagem
 
Contra
 
Preço
 Motor "Pontudo"
Suspensões muito duras
Comandos
Iluminação

 

 

Ficha técnica
 
S.I.S Cagiva Diva
 
Motor
 
Tipo- Monocilíndrico a dois tempos,
refrigerado por água.
Admissão- Ao carter
Diâmetro X Curso- 38 X 44mm
Cilindrada- 49,9cc
Taxa de compressão- 7:1
Potência máxima- 4,7Kw/8100rpm
Binário máximo- N.D.
Alimentação- Dell'Orto PHBG 20
Arranque- Eléctrico ou por pedal
Ignição -Electrónica
 
Transmissão
 
Primária- Por engranagens 
Embraiagem- Multidisco em banho de óleo
Caixa- 6 velocidades
Final- Por corrente
 
Ciclística
 
Quadro- Duplo berço construído em aço
Suspensão dianteira- Forquilha telescópica
Suspensão Traseira-  Monoamortecedor hidraulico
acção directa
Travão dianteiro- Disco assistido por pinça de pistões opostos
Travão traseiro- Disco assistido por pinça de pistões opostos
(tambor 120mm na versão "Naked")
Pneu dianteiro- Michelin 2,75 X 16
Viking Meteor 2,75 x 16
Pneu Traseiro- Michelin 3,75 X 16
Viking Meteor 2,75 x 16
 
 
Outros dados
 
Marca- S.I.S Cagiva
Modelo- Diva 
Cor-  SP ;Preto
Descarenada; Vermelho, preto e verde
Preço-SP- 497.250$00
Descarenada- 397.800$00
Fabricante- S.I.S., Apartado 6
3781 Anadia- Codex